A Rádio Brasil Campinas deseja o melhor para o futebol campineiro. Não queremos apenas bons resultados. Evidente, alcançar a segunda divisão nacional em 2026 é o minimo que desejamos. Mas para que a bola entre é preciso que as instituições estejam em pleno funcionamento. Pegue como exemplo o Guarani futebol clube.
O Conselho de Administração encontra-se distante da torcida e poucas explicações são concedidas. Como estão as contas? A administração cumpre com seus objetivos? Se o dinheiro é escasso quais os motivos que levaram a essa situação? Por entender que o Guarani é uma Associação Sem Fins Lucrativos que a partir de hoje, de maneira periódica, o Brasil Esporte Clube trará levantamentos e encaminhará questionamentos a partir das informações contidas no setor de Transparência do site oficial do clube. Ou seja, todas os dados são públicos e podem ser consultados por qualquer torcedor e associado.
Mas é um quebra cabeça. Que muitas vezes nos deixa sem rumo e perplexos diante da quantidade de números e sua interligação para a exposição do atual quadro do Guarani.
Para ajudar nesta missão, nos últimos dois meses, a reportagem esportiva da Rádio Brasil Campinas recebeu o auxílio de uma fonte, que tem a capacidade de fazer a interligação de todas as informações e possa gerar o principal: esclarecimento a você, torcedor do Guarani.
O primeiro capítulo é sobre o local de venda dos produtos oficiais do clube, e que se encontra na parte frontal do estádio Brinco de Ouro. Antes do fornecimento de qualquer informação, algo preciso ser dito. E de maneira clara: as informações serão encaminhadas para esclarecer ao torcedor bugrino e nunca jamais com a intenção de utilizar como instrumento de chantagem para obtenção de propaganda. Afinal, por pertencer à Arquidiocese de Campinas, existem conceitos na Rádio Brasil do qual não abrimos mão: retidão, honestidade, transparência, jornalismo critico e independente e esclarecimento dos fatos. Apenas os fatos nos interessam.
Dito isso, digo que a primeira constatação dos números é que a loja deve dinheiro ao Guarani Futebol Clube. Ou seja, o detentor da marca Guarani, que é clube, não recebeu o montante devido por parte de quem explora sua marca. Pior: apuramos que o valor da dívida não é atualizado e que, ao invés da realização da cobrança, o que aliviaria os cofres do clube, a sistemática é sempre de antecipar as cotas de televisão. Pergunta: isso é válido? É uma alternativa correta do ponto de vista administrativo?
Por aquilo que está publicado no setor de transparência no site oficial do clube, a dívida da loja com o clube em 2021 era de R$ 36.683,34. Em 2022, a divida aumentou para R$ 55.083,12. Durante o ano de 2023, o valor foi para R$ 293.355,01. Neste período, o aumento da dívida da loja com o clube foi de 432,56%. E até outubro de 2024, o montante devido pela loja era de R$ 339413,45. Na comparação com 2023, o aumento percentual foi de 15,70%.
Algumas perguntas saltam aos olhos:
-Quais os esforços feitos pelo Guarani para receber os valores em abertos? Se eles foram recebidos, quando existirá o registro no setor de transparência do clube?
– Os proprietários da loja oficial-que não temos conhecimento de quem sejam- já foi notificada mesmo que administrativamente a respeito do Débito?
– Existe contrato de acordo dos responsáveis da loja com o Guarani? Se existe o documento, existe previsão de quebra de contrato? Há previsão de pagamento de multa rescisória? Qual o valor? Qual o motivo deste dispositivo ainda não ter sido acionado pelo Guarani?
Outro detalhe: nos documentos colocados à disposição no setor de Transparência não existe qualquer pista de que esta dívida está corrigida monetariamente. Isso leva a novas perguntas:
– Quais foram os critérios definidos em contrato para a correção dos valores em aberto?
Você pode considerar que o valor total apurado até outubro de 2024 é um valor baixo. Nada disso. Basta dizer que a folha de pagamento do Departamento de Futebol Profissional do Guarani no Campeonato Paulista foi de R$ 800 mil mensais. Ou seja, se a loja quitasse a dívida em sua totalidade, seria possível quitar 42,42% do total da folha de pagamento. Será que é um valor desprezível? Não é.
Não estamos fazendo caça as bruxas. Estamos exercendo apenas uma tarefa que é prerrogativa do jornalismo critico, independente e que busca a verdade: esclarecer os fatos.
Diante disso, entramos em contato com o Conselho de Administração, que por intermédio da Assessoria de Comunicação deu a seguinte resposta: Os dados levantados se referem a um período anual. De lá para cá (de outubro de 2024 a março de 2025) já foram feitos alguns abatimentos na dívida e que não estão contabilizados. O Guarani se comprometeu a montar um documento com os dados. Quando tudo estiver correto, o Guarani encaminhará o documento à reportagem.
(Matéria transmitida no Brasil Esporte Clube do dia 10 de março de 2025-Atualizado no dia 11 de março, as 15h30)
Observação: no final da tarde de segunda-feira, a diretoria do Guarani nos ouviu os seguintes esclarecimentos:
A Loja do Guarani é administrada pela empresa terceira desde fevereiro de 2021, iniciando-se pela loja online e, a partir de setembro de 2021, com a loja física também. Esta informação é pública e consta do site do clube no link: https://transparencia.guaranifc.com.br/licenciamentos-e-uso-da-marca/
Conforme os indicadores financeiros e administrativos atualizados anualmente com o fechamento do balanço anual do clube, também é divulgado o faturamento da Loja do clube, desde o quando o clube tem os números (início de 2017): https://transparencia.guaranifc.com.br/indicadores-financeiros/
O gráfico somente da empresa atual, ainda não publicado por conta do fechamento anual ocorrer no mês de março, é este:
Desde a alteração da administração da loja, foram feitas diversas reformas no local, sempre a cargo e ao custo dos administradores, sem desconto nos valores repassados ao clube. Os números e o repasse são muito superiores aos contratos anteriores.
A loja também mudou seu horário de atendimento, contratou mais funcionários, diversificou e aumentou a quantidade de produtos, melhorou as condições e tipos de pagamento e consequentemente o faturamento e o repasse ao clube.
Estas informações também são repassadas ao administrador judicial do clube, que faz a análise mensal sobre a administração do Guarani.
O clube também faz sua previsão orçamentária com base no faturamento real da loja, que atingiu média de R$ 120.000 (cento e vinte mil reais) nos 12 meses do ano de 2024.
A relação financeira com a Loja do Guarani, além dos repasses mensais, também abrange pagamento de contas, retirada de produtos, que normalmente são realizados no fechamento anual.
A planilha de vendas e a planilha de controle estão disponíveis aos associados que desejem vê-la e também juntamente com a administração da loja. Deixamos à disposição da imprensa caso queiram verificar os números.
Por contrato, eles descontam da receita total o custo do produto, valor do imposto, fretes e descontos, além de um valor mínimo mensal. A apuração dos valores líquidos é de 50% para cada parte.
Todo o custo de funcionários, operação, aquisição dos produtos, desenvolvimento de novos produtos, estoque, são da empresa terceira e não incide nenhum desconto desse tipo em cima das receitas líquidas ao clube.
SOBRE AS PERGUNTAS:
– Quais os esforços feitos pelo Guarani para receber os valores em abertos? Se eles foram recebidos, quando existirá o registro no setor de transparência do clube?
Como dito, no fechamento anual são feitos os ajustes para o fechamento no ano, e que incluem a retirada de produtos do clube e os pagamentos realizados, sendo que o saldo de dezembro ainda não fechado. Já se encontram os valores corretos (em torno de R$ 60 mil) sendo que sempre deverá ter saldo em aberto, dado que o fechamento do mês é sempre pago no mês seguinte.
– Os proprietários da loja oficial – que não temos conhecimento de quem sejam – já foi notificada mesmo que administrativamente a respeito do Débito?
A loja passa mensalmente o fechamento com toda a venda de produtos, os valores de venda, custo de produtos, impostos e etc.
– Existe contrato de acordo dos responsáveis da loja com o Guarani? Se existe o documento, existe previsão de quebra de contrato? Há previsão de pagamento de multa rescisória? Qual o valor? Qual o motivo deste dispositivo ainda não ter sido acionado pelo Guarani?
Existe contrato assinado desde a data de início de contrato e que vai até 31/1/2026, um mês após a eleição do clube, para caso a nova gestão ou o próprio terceiro não queiram dar continuidade na parceria, assim o mês de Janeiro serviria de transição com outra empresa caso haja a alteração e como todo contrato, existe cláusula de rescisão.
Não há interesse da gestão do clube na rescisão de contrato, dado que a receita advinda da Loja é bem interessante e não há nenhum indício de estarem prestando um mau serviço. A Loja normalmente é elogiada pelos torcedores. Está sempre se renovando e atualizando, tanto no desing, como na questão de produtos.
– Quais foram os critérios definidos em contrato para a correção dos valores em aberto?
Não há correções de valores em abertos.