Futebol campineiro, prisioneiro do passado e da mediocridade. Tem salvação?

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Antes de efetuar a leitura desta reflexão, peço encarecidamente que leiam com atenção as seguintes frases:

“Vocês criticam coisas que não dá para pegar no pé. Querem que Guarani e Ponte Preta voltem a jogar futebol do tempo que cachorro corria atrás de lingüiça”

“Campinas é diferente de tudo. A pessoa tem que conhecer os clubes, a cidade, senão não há como dá certo”.

 “Essa história de esquema tático, de posicionamento é tudo uma grande bobagem. Uma grande besteira. Tudo só depende do jogador. Treinador tem interferência mínima no resultado de um jogo”.

Essas frases eu ouvi de três personagens distintos do mundo da bola campineiro. Um ex-dirigente, um empresário de futebol e um cronista esportivo. Três personagens diferentes e que retratam nossos traumas e incoerências.

As frases resumem os males do futebol campineiro: a prisão na mentalidade no passado, o conformismo pela ausência de crescimento e o anacronismo em relação a visão de futebol. Tais visões forjaram uma aliança que empacou o futebol campineiro. Que não avança. Ou, no máximo, anda de lado.

Percebam: qualquer técnico forasteiro, que não tenha o DNA campineiro sofre um índice de rejeição tamanho que só uma campanha retumbante no gramado poderá salvar. Guto Ferreira, Gilson Kleina, Umberto Louzer entre outros passaram por isso. E mesmo quem faz trabalho digno não está a salvo. Luciano Dias foi forjado no futebol gaúcho e mesmo com o acesso na Série C de 2008 no currículo, ainda exista quem lhe torça o nariz no Brinco de Ouro.

A máquina do tempo não avança. As forças do atraso atuam com volúpia. Produz incoerência. Dirigentes pontepretanos e bugrinos nunca estabeleceram por longo prazo um convênio de troca de experiências com a Unicamp, uma das 10 principais universidades da América Latina. O empirismo prevalece. O que justifica o desprezo ao conhecimento?

Enquanto isso, os grandes ficam cada vez mais ricos e poderosos e as agremiações médias correm para atenuar a discrepância.

Qual a saída? Qual a solução? Não sei. Mas reconheço que se uma crise permanece é porque alguém fatura e tira proveito disso. O que aconteceria com os personagens envolvidos no futebol campineiro (dirigentes, jogadores, imprensa, torcida) se tivéssemos dois times do patamar do Furacão paranaense? Quem ficaria no jogo? Quem seria excluído? Na dúvida, deixa tudo como está. Melhor participar como protagonista da mediocridade do que aplaudir a excelência.

(análise feita por Elias Aredes Junior)