Foram 360 minutos. Ponte Preta e Guarani entraram em campo em duas oportunidades. O saldo é de doer. O Guarani somou um ponto. A Ponte Preta também. Mas o pior: ninguém marcou gol. Um saldo que coloca na berlinda tanto o técnico Hélio dos Anjos no estádio Moisés Lucarelli como Daniel Paulista no Brinco de Ouro.
Sim, existem 36 jogos a serem disputados. Ou 3240 minutos. Mas Pepe Guardiola, técnico consagrado, do futebol mundial, afirma que ganha-se um campeonato nas oito primeiras rodadas em campeonato por pontos corridos. O revés também é colhido em igual período.
Então, pode-se dizer que o futebol campineiro já colheu um quarto da derrota. O que acontece? Como promover a virada?
Veja que o rendimento decepcionante acaba por esconder até as virtudes das duas equipes.
A Ponte Preta, mesmo na derrota por 2 a 0 para o Operário mostrou uma melhoria acentuada do preparo físico. Corre mais. Compete mais. Divide todas as jogadas. Algo que não acontecia no Paulistão. Sem contar a aparição do goleiro Caíque França, que proporciona mais segurança no gol. Fato.
Mas também é fato que ficam cada vez mais escassos os argumentos que seguram a titularidade do zagueiro Fabrício ou a presença de Matheus Anjos e Wesley no meio-campo. Assim como o adiantamento de Léo Naldi como meia armador. Ok, impossível esquecer que Fabinho estava escalado para ser o armador e uma lesão lhe tirou do restante da temporada. É difícil compreender os critérios de escalação. Assim como uma duvida aparece no horizonte: o técnico Hélio dos Anjos tem material humano adequado para fazer a marcação no campo do adversário como fez nos dois primeiros jogos?
É uma resposta que só ele tem. Afinal, repórteres não assistem aos treinamentos. E só a comissão técnica pontepretana tem condições de responder essas e outras dúvidas.
Duvidas que permeiam o desempenho do Guarani neste início da Série B de Campeonato Brasileiro. O angustiante não é somar um ponto em dois jogos. Ou mostrar demonstrar falta de pontaria em contraste a um ataque que no ano passado acumulou 54 gols em 38 jogos. Concordamos que perder Régis, Andrigo, Bruno Sávio e´um baque e tanto. Mas a queda deveria ser assim tão abrupta? Pois é.
Duro é verificar que técnico Daniel Paulista parecia ter perdido a mão. O banco de reservas do Guarani está longe de ser um sofá. Concordamos que as opções técnicas colocadas a disposição são sofríveis. Ou limitadas para utilizar o português rasgado. Mas como entender a retirada do lateral-direito Madison no intervalo da estreia contra o Brusque para a colocação de Leandro, Castan, nitidamente fora de forma? A formação com três zagueiros foi a estrada para a derrota.
No empate com o Sport, uma nova decisão que ficou difícil de entender.
Na reta final de jogo, a entrada de Lucão do Break era compreensível, especialmente para colocar dois atacantes com estatura e que pudessem incomodar a defesa do rubro negro pernambucano. Mas retirar Julio César, que ao lado de Giovanni Augusto, criava as principais jogadas é algo que não dá para entender.
Criticamos jogadores e os treinadores. O campeonato é pegado, equilibrado, disputado. Fica a pergunta: o que farão os dirigentes em tal conjuntura? Marco Antônio Eberlin, após o rebaixamento á Série A-2, está com uma bomba relógio em seu colo.
A Série B é sua chance de reconstrução e afirmação de uma linha de trabalho. Que aliás, não prevalece no futebol brasileiro. Uma campanha decepcionante ou até um terrível rebaixamento traria consequências inimagináveis. Por isso, o trabalho de dirigente será vital nesta semana. Acalmar o elenco para buscar um triunfo diante do CRB no Majestoso. Um novo revés e a tormenta será inevitável. E o presidente, com razão, será cobrado. Com veemência.
O presidente do Guarani, Ricardo Moisés não fica atrás. O time joga contra o Grêmio na Arena em Porto Alegre. Junto com Michel Alves o respaldo de Ricardo Moisés nos bastidores será essencial para Daniel Paulista construir uma tarefa hercúlea: somar ponto, marcar gols e construir um trabalho no gramado com começo, meio e fim. Um novo revés fará com que o técnico com maior tempo de permanência na Série B sofra um tremendo solavanco.
A verdade é que o futebol campineiro merecia uma largada melhor, uma pontuação melhor, um futebol melhor. A decepção parece que não tem hora para acabar.
É preciso interromper este ciclo negativo no Brinco de Ouro e no estádio Moisés Lucarelli. Antes que seja tarde.