Guarani comemora diminuição do déficit no balanço financeiro. Não deveria dar parabéns ao juiz Rafael Martins?

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O Conselho de Administração do Guarani anuncia aos quatro cantos, juntamente com integrantes do Conselho Fiscal que os resultados financeiros do clube deveriam ser celebrados e elogiados. Só para ficar em um item, o time saiu de um déficit no exercício de R$ 25 milhões em 31 de dezembro de 2018 para R$ 3,4 milhões no final de 2019.

Lógico, o cronista não é doido e nem maluco de fechar os olhos. Bom resultado. Mas comparo com uma criança que tirou nota 10 graças a aula de reforço, com possibilidade de abrir o livro na hora da avaliação e com a mãe como vigia as 24 horas do dia para ver a lição de casa.

Delírio? Que tal realizarmos uma retrospectiva?

No dia 15 de dezembro de 2018 (ou seja, na reta final de uma temporada em que o Guarani estava para consolidar um déficit altíssimo) a juíza Ana Claudia Torres Viana realizou uma reunião com os então componentes do Conselho de Administração para verificar a aplicação da sentenção proferida por ela em agosto de 2015 e que previa a construção de uma Arena, Centro de Treinamento e uma nova sede social.

Eis que a juíza ganha nova atribuições na Justiça Trabalhista e o seu substituto, Rafael Martins, não só sustenta a linha de trabalho como reforçou o garrote com algumas medidas. “Um dos primeiros atos que tive, assumi no dia 11 de março, há dois ou três semanas dei um despacho longo concedendo para que um perito traga a atualização total do quadro [de credores que cobram o Guarani] para que eu possa fazer um plano de ação com o clube. O clube terá um prazo para montar isso. Para que, dentro da minha gestão, de dois anos, que a gente resolva pelo menos as questões trabalhistas”, disse em  entrevista a Rádio Central no dia 17 de abril de 2019.

Ele também descreveu porque pensava na nomeação de um perito judicial. “Seria alguém indicado pelo Judiciário que ajudaria a ver as contas do clube. Isso acontece em empresas que não possuem público externo. Não sei se nesse caso é viável, por isso pedi ao clube uma forma de pagamento, então pode acabar trazendo transtornos desnecessários”, afirmou na ocasião o juiz, que já mostrava disposição de acompanhar de maneira próxima a evolução das finanças bugrinas.

No seu último pronunciamento, por intermédio dos autos, em declaração no final do ano passado, o juiz até determinou que não seria de bom grado o Guarani ultrapassar os gastos no futebol em torno de R$ 800 mil mensais.  E desde o ano passado, o pagamento dos salários passa pelo crivo da Justiça do Trabalho. Que, na pior das hipóteses, tomou conhecimento dos números e do volume pago. Meta? Pagar os credores. Diminui a quantidade, mas ainda existem.

O Guarani foi monitorado de perto pela Justiça Trabalhista. Mesmo se quisesse estourar os gastos não poderia. Não seria permitido. Podemos dizer que o aluno  teve o mérito de aproveitar as oportunidades concedidas. Mas parabéns deve ser dado ao professor (leia-se juiz Rafael Martins) que nunca desistiu do aluno. Fato.

(Elias Aredes Junior)