O Guarani terminou a semana sem contratações. O torcedor bugrino está aflito. Tenso. Tem receio da qualidade dos atletas que sobrarão para o Alviverde campineiro. Seria muito cômodo culpar apenas o presidente Ricardo Moisés e o superintendente de futebol Michel Alves pelo quadro delicado. Não são. Diria que nesse cenário são sócios minoritários.
O quadro verificado na atualidade é a consequência da falta de planejamento e de erros. Todos souberam que não existiam recursos. Essa era a realidade de Leonel Martins de Oliveira, Marcelo Mingone, Marcelo Negrão, Horley Senna, Palmeron Mendes Filho e agora com Ricardo Moisés. Os antecessores deveriam buscar alternativas. Só trabalharam com o hoje, o imediato.
Os antecessores não investiram maciçamente nas categorias. Não incrementaram a estrutura. Não fizeram como fazem os clubes modernos, que encaminham alojamentos modernos para atletas que são o presente e o futuro.
Pior: não formularam um sistema que proporcionasse ao Guarani a captação de atletas espalhados pelo país, que sejam talentosos e que ainda não tenham lugar ao sol. Um trabalho feito , por exemplo, por Gersinho no Atlético-PR e que recebe o respaldo do Departamento de Inteligência do Futebol no Furacão.
O Guarani revelou? Sim. Fruto muito mais do acaso do que uma política sistemática que teria como foco a criação de um circulo virtuoso: jogadores de qualidade seriam guindados ao time principal, que produziria uma base e posteriormente a arrecadação de recursos. Campanhas como as que ocorreu na Copa São Paulo deste ano são reflexo direto do auxilio de empresários e nunca de uma política interna.
Ricardo Moisés só repete um modelo que é possível construir. Ou seja, forma-se um time de aluguel ano após ano e depois é só ajoelhar-se na capela próxima do Brinco para torcer para que tudo dê certo. Impossível evoluir com tanto improviso. E que já dura 20 anos.
Se Ricardo Moisés quiser deixar um legado ao Guarani, que seja a reestruturação total das categorias de base e um trabalho para descobrir antes que eles sejam captados pelos gigantes. E que no futuro estejamos discutindo qual revelação poderá assumir a titularidade e quais jogadores emergentes podem fazer a diferença. Chegou a hora de mudar o disco.
(Elias Aredes Junior)