Historiador analisa protestos de coletivos antifascistas e faz uma descrição das torcidas organizadas do futebol campineiro

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Historiador graduado pela Unicamp, Victor Canale tem obsessão em conhecer e se aprofundar na questão das torcidas organizadas. Deu seu passo inicial ao viabilizar o mestrado na Faculdade de Educação Física com o estudo intitulado “Torcidas organizadas e seus jovens torcedores”. Nela, analisou a sociabilidade no Gaviões da Fiel. Agora, desenvolve um doutorado na Fundação Getúlio Vargas cujo título é “Estudo Guerra e paz: o associativismo torcedor e a busca pela legitimidade da ATOESP”.

Nesta conversa gravada com o Só Dérbi, o historiador faz uma análise sobre o comportamento dos coletivos antifascistas que lideraram as manifestações das últimas semanas em todo o Brasil. Ele chama atenção ao fato de que infelizmente a imprensa tradicional sempre enfoca a questão da violência das torcidas, mas esquece de outros detalhes. “Nunca fui de torcida organizada, mas tinha interesse de entender as suas outras características”, afirmou.

Na sua visão, o protagonismo recente das torcidas pegou de surpresa o Governo Federal. “O próprio presidente Jair Bolsonaro utiliza essa plataforma do futebol como uma forma de mostrar-se como um homem do povo. Isso não é nada novo. A gente já viu durante a ditadura militar”, explicou.

O papo serviu ainda para buscar entender as raízes e o perfil das principais torcidas organizadas de Campinas, que segundo ele tem descrições peculiares e que  não tem  relação com as principais agremiações da capital. “Tanto que a Torcida Jovem da Ponte Preta foi criada antes da Gaviões da Fiel, que é o principal modelo de organizada em São Paulo”, explicou. “Tanto a Jovem (Ponte Preta) como a Guerreiros da Tribo  tiveram relacionamento próximo com os departamentos sociais dos clubes, o que é algo que não acontece em todas as torcidas”, alertou.

Tempos de pandemia e de estádios vazios não servirão, na visão de Canale, para arrefecer a força de mobilização dos torcedores. Pelo contrário. O foco será nos trabalhos sociais e de auxilio as comunidades carentes.

(Elias Aredes Junior)

 

A entrevista você confere logo abaixo: