Índio. Guerreiro. Desbravador. Histórico. Eterno. Guarani, 108 anos. Parabéns, torcedor!

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O garoto abre o armário e tira a camisa da gaveta. O pai carrega a bandeira pela rua. O idoso, sem forças para gritar e explodir o seu sentimento pelo mundo, deixa a lágrima escorrer pelo rosto. A mulher, guerreira e destemida, não tem medo de largar tudo e seguir o distintivo pelo Brasil.

Quantas histórias presentes nestas linhas? Quantos personagens andaram pelas ruas de Campinas desde o dia 02 de abril de 1911 com apenas uma expressão na cabeça: Guarani Futebol Clube.

Bugre. Alviverde. Guarani. Índio Guerreiro. Quantos apelidos, expressões. Um carinho no coração de milhares de campineiros e que virou respeito. Dos adversários e do principal rival.

Guarani de tantas facetas. O campeão brasileiro de 1978, o vencedor da Taça de Prata de 1981 ou o desbravador na Série A-2 do Campeonato Paulista de 2018. Titulo pelo título? Nada disso. Ser bugrino vai além de tudo que se imagina e sonha no futebol. O torcedor do Guarani é, antes de tudo, guerreiro e esperançoso.

Guerreiro por lutar, batalhar e reivindicar por um clube moderno, destemido, vencedor. Que volte ao seu lugar de direito. Não desiste de alcançar o pico. Caiu por diversas vezes, é verdade. Foi humilhado. Mas levantou-se, olhou no horizonte e seguiu em frente.

Esperança como combustível. O coração não lhe deixava desistir. E lhe impulsionou a presenciar garotos forjados por Carbone a buscarem o acesso na Série A-2 em 2007; um time de desconhecidos arregimentados por Vadão conquistaram o acesso na Série B em 2009; o vice-campeonato paulista em 2012, a Série A-2 de 2018…A chama jamais apagou.

Jorge Mendonça, Careca, Amoroso, Luizão, Zenon, Amaral, Djalminha, Pereira, Lúcio, Renato. Ídolos. Deuses de carne e osso. Não seriam nada sem o João, a Antonia, o Dirceu, a Maria, o Felipe, o Cristiano, Marcelo, Tânia, Michelle, Marcos, Bruno…Não falamos apenas de torcedores. Cada um que senta na arquibancada do Brinco de Ouro é, no fundo, um artista ou artesão capaz de construir a moldura e a passarela para que seres comuns encontrem a sua eternidade no gramado.

O Guarani está mal tratado. Sua torcida está aflita e receosa pelo futuro. Tudo isso é diminuto, pequeno, ínfimo perto de um clube que não é um amontoado de concreto ou 11 camisas no gramado. O Guarani é alma. Coração. Gente.

Parabéns! Que os sorrisos voltem às arquibancadas. Para sempre.

(Elias Aredes Junior)