Espalham aos quatro ventos que ao colocar o futebol profissional nas mãos da iniciativa privada tudo será diferente. Que o técnico terá tempo para implantar a sua filosofia de trabalho, que os resultados não serão o parametro único para análise da conduta do gestor do banco de reservas e que tudo será feito para viabilizar um trabalho com começo, meio e fim.
Mentira. Deslavada mentira.
Sim, existem exceções.
Podemos citar Mauricio Barbieri no Red Bull Bragantino e próprio Abel Ferreira no Palmeiras ou Gustavo Morinigo no Coritiba. Mas isso não é espalhado em todos os clubes. A pressa e a falta de critério prevalecem na hora da avaliação.
Prova disso é o técnico Mazola Junior, demitido na manhã desta terça-feira do comando do Ituano. Está próximo da zona do rebaixamento? Verdade absoluta. Mas será que não ocorreu uma precipitação?
Afinal de contas, Mazola liderou o Galo de Itu no acesso e no título da Série C do Campeonato Brasileiro, além da conquista do Troféu do Interior do Campeonato Paulista neste ano.
Na Série B do Brasileiro, o time começou bem, chegou a figurar no G4, mas acabou tendo uma sequência ruim e caiu posições na tabela. Atualmente, está em 14° lugar com 18 pontos, mesma pontuação do Náutico, o primeiro time na zona de rebaixamento.
Pense: o técnico já exibiu bom trabalho e ainda existem 21 rodadas a serem disputadas. Será que não existiria espaço para recuperação? Não interessa. Os dirigentes preferem a roleta da bola a uma atitude que dê mais respaldo ao treinador no seu dia a dia.
Mazola Junior fez tudo isso com um elenco curto, de poucas opções e que tem Gerson Magrão como seu pilar técnico.
No seu desligamento, Paulo Silvestri, gestor do clube, disse que após conversar com o treinador sentiu que era hora de mudança. Convehamos: bem subjetivo. Critérios? Necessidades? Nenhum detalhamento. Tudo genérico e sem sentido. Absurdo dos absurdos.
Claro que nenhum critério é estanque. Muitas vezes o time não rende o esperado no gramado, não existe evolução e a troca se faz necessária. Agora, o que dizer da demissão de um treinador que apresentou resultado, rendimento e consistência em boa parte do tempo? Pois é.
A verdade é que o futebol brasileiro virou uma caixa de ressonância. Mandam as redes sociais. Ordenam as opiniões emitidas pela imprensa.
Seja na modalidade de clube-empresa ou estatutário dá para afirmar com segurança: o dirigente campineiro, de Itu ou do Brasil não tem convicção nenhuma.
Perdem os treinadores. Perdem os torcedores pela ausência de mais trabalhos sólidos. Mas o principal prejudicado é o futebol brasileiro, cujo os dirigentes insistem nos mesmos métodos e que produzem os mesmos resultados. Que não são positivos.
(Elias Aredes Junior- Foto: Fernando Roberto/Ituano FC)