Temos dois movimentos distintos no futebol brasileiro. As agremiações da divisão de elite divulgaram um manifesto em que declararam total apoio a Medida Provisória 984, que concede ao mandante os direitos de transmissão.
Por outro lado, o América Mineiro faz uma movimentação para juntar os clubes da Série B em torno de uma associação. Claro, a dupla campineira deverá ser convidada e tem que participar.
Tais movimentos são uníssonos em excluir algo fundamental: o jogo democrático. Ora, já falamos aqui e repetimos que a MP recebeu 92 emendas. Propostas de deputados e senadores que mexem substancialmente no projeto ou apenas retoques. E serão analisadas.
Ou seja, aquilo que foi publicado por Jair Bolsonaro e que recebeu aplausos de Rodolfo Landim e da diretoria flamenguista daqui a pouco pode valer zero.
Todos clamam por democracia, mas no fundo tem pouco ou nenhum apreço pelo sistema. O presidente do Bahia Guilherme Belintani faz mil e um planos; Mário Celso Petraglia, idem. E os deputados? E os senadores? Ah, para eles não tem valor.
Infelizmente, parece que temos enraizado na elite brasileira, seja ela econômica ou intelectual, a tara de impor tudo goela abaixo.
Bradamos que as leis devem ser obedecidas mas somos incapazes de perceber que, queiramos ou não, essa lei tem que passar pelo crivo e análise dos deputados e senadores. Eleitos pelo voto. Do povo.
O mesmo povo pobre que está excluído dos estádios e que os dirigentes do futebol agora pedem para adquirirem os produtos. Triste realidade: para os dirigentes, democracia só vale quando eles mandam. Quando eles recebem ordens ou ficam submetidos a outros personagens, aí vira ditadura, como diria Millor Fernandes. (Elias Aredes Junior)