O mandato de Vanderlei Pereira à frente da Ponte Preta, enfim, chegou ao seu final. No cargo mais importante da Macaca desde dezembro de 2014, quando foi aclamado pelos conselheiros, o mandatário alvinegro acumulou erros até o último mês de sua gestão.
Vanderlei optou pela discrição, mas assumiu compromissos como o homem responsável pela caneta mais poderosa do time de Campinas – ao menos, oficialmente. O Só Dérbi traz alguns dos erros cometidos pelo dirigente.
O NOVO NEYMAR?
Vanderlei Pereira sempre evitou a imprensa, mas quando fala gera repercussão – nem sempre positiva. No final do ano passado, em entrevista aos canais Fox, o presidente pontepretano afirmou que a equipe havia contratado o ‘novo Neymar’. O jovem Júlio Vitor, ex-destaque do Rio Branco e do Brasil sub-17, vai completar um ano de clube e não foi aproveitado em nenhuma categoria.
NA MÃO DOS EMPRESÁRIOS
Na atual gestão, o time ficou refém dos empresários. A base do Campeonato Paulista deste ano era composta por atletas da Elenko Sports, do empresário Fernando Garcia: Naldo, Lucca, William Pottker e Matheus Jesus. Léo Artur, do mesmo agente, chegou após negociação que envolveu Clayson, em maio.
A empresa também trabalha com o lateral-esquerdo João Lucas, que chegou após o vice-campeonato estadual. Nos últimos dois anos, a Elenko teve ligação com pelo menos 15 jogadores que passaram pela instituição. Entre eles, o zagueiro Tiago Alves, o lateral Diogo Matheus, os volantes Renê Júnior e Maycon, o meia Thiago Galhardo e os atacantes Zé Roberto, Giva e Alexandro.
Outros nomes agenciados por Fernando Garcia, antes de atuarem por grandes clubes do país, vestiram a camisa preta e branca: os defensores Renato Chaves e Cleber, os laterais Cicinho, Rodrigo Biro e Rodinei, o volante Alef, o meia Léo Cereja e os atacantes Silvinho e Rildo.
O FRACASSO DO TC10
Os planos de sócio torcedor têm sido a principal arma dos clubes para se aproximar cada vez mais dos seus fãs. Em maio, a Ponte Preta lançou um novo pacote, o qual garantia ser o “plano mais barato do Brasil”. Com R$ 39,90 por mês, o fanático poderia acompanhar todos os jogos no Moisés Lucarelli até o final da temporada sem nenhum custo adicional.
Na prática, entretanto, não deu certo. Em partidas contra adversários diretos, o Majestoso não ficava cheio. Diante das principais potências do Brasil, o cenário era o oposto – na atual temporada, teve excelentes públicos somente contra Flamengo, Santos e Corinthians.
Em 2017, foram 32 jogos no Majestoso, cuja ocupação foi de apenas 35%. No quesito de público nos estádios, a Macaca ocupa a 27ª colocação do ranking. Ao todo, foram arrecadados R$ 3.595.415,00 – ticket médio de 17 reais. Entre os clubes da elite, foi o segundo pior neste requisito – à frente do Atlético/GO.
O REBAIXAMENTO
A queda para a Série B do Campeonato Brasileiro pode ser explicada por diversas razões. Entre elas, o péssimo planejamento feito pela diretoria. A aposta em medalhões (Emerson Sheik, Renato Cajá e Rodrigo) em detrimento a jogadores da categoria de base foi um dos pecados capitais.
A limitação técnica ficou evidente durante os oito meses de competição. Em solo campineiro, aconteceram alguns tropeços imperdoáveis – derrotas para Atlético/GO, Avaí, Vitória e Bahia –, todos concorrentes diretos contra o descenso. Longe de casa, um verdadeiro fiasco. A equipe alvinegra teve o pior aproveitamento entre os 20 participantes, com apenas uma vitória (2 a 0 no Atlético-PR), seis empates e 12 derrotas como visitante.
Embora a saúde financeira da equipe esteja equilibrada, a Macaca foi rebaixada com a sua segunda pior campanha na era dos pontos corridos, com míseros 39 pontos, na 19ª posição, além de apresentações terríveis.
(texto e reportagem: Lucas Rossafa e Júlio Nascimento)