O dérbi retorna em 2018. Com gosto de cabo de guarda chuva!

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A temporada é iniciada no futebol campineiro com gosto de cabo de guarda chuva. Muitos comemoram o retorno do dérbi programado para a Série B do Campeonato Brasileiro. Antes mesmo de a bola rolar, é imperioso alertar que o confronto não pode colocar uma cortina de fumaça sobre o processo de decadência vivido nas duas equipes.

Basta pesquisar o passado. Ponte Preta e Guarani já entraram em campo para protagonizarem semifinal de Campeonato Paulista, decisão de primeiro turno ou como integrantes da divisão de elite do Campeonato Brasileiro, algo ocorrido pela última vez em 2004. Ou seja, um adolescente nascido em 2005 que torce para Ponte Preta ou Guarani não sabe a sensação de ver o clássico campineiro no topo. Isso é bom? Não.

O torcedor pontepretano, com justiça, não aguarda o retorno do clássico com sabor de expectativa, e sim de raiva. Se a Macaca tivesse feito uma campanha minimamente decente no Brasileirão, o clássico não existiria. Disputar a Série B tem gosto de frustração e não de esperança.

O torcedor bugrino? Alimenta a falsa perspectiva de que está no mesmo patamar do rival. Só na tabela. E de uma única competição. Não disputa a Copa do Brasil há quatro anos, embala sua quinta participação seguida na Série A-2 e tem uma estrutura arcaica e inferior ao rival, que também não tem o que comemorar pois está atrasado em relação aos grandes centros.

Os dérbis poderiam ser utilizados como alavanca para o crescimento das duas agremiações. Ou a retomada de um protagonismo perdido nas décadas de 1980 e 1990. Não há esperança. Em primeiro lugar, por causa da qualidade limítrofe dos dirigentes das duas equipes, incapazes de reconhecer o jogo como um produto com alto poder de consumo. Preferem ficar em seus castelos e mundos ilusórios.

Enquanto isso, a caravana passa, a mediocridade finca raízes e sinal de melhoria é latente.

Pense: qual foi o último jogador de ponta (de ponta!) revelado pelos clubes? Eu digo: Luis Fabiano em 2000 pela Ponte Preta e Jonas, atualmente no Benfica, em 2005 no Bugre. De lá para cá, só bons jogadores, mas nada de excepcional.

Desde 2004, data do último dérbi no Brasileirão, o Guarani viveu rebaixamentos, acessos e algumas campanhas marcantes como a Série B de 2009 e o Paulistão de 2012.

A Ponte Preta, se por um lado pode dizer que disputou a divisão de elite em oito oportunidades desde 2004 e participou de finais de Paulista em 2008 e 2017 e Sul-Americana em 2013, também é refém de uma dinastia política que teima em permanecer. Já o Alviverde não tem caciques, mas é terra arrasada na formação de dirigentes.

Para completar o cardápio, os dois clássicos serão disputados com torcida única. Uma prova de que regredimos não só na bola, mas como coletividade. Uma pena.

(análise de Elias Aredes Junior)

8 Comentários

  1. A terceirização, aliada a um planejamento estratégico sólido, é a solução para o Guarani. Dez anos para colhermos resultados desportivos imediatos e pormos a casa em ordem administrativamente.

  2. A Ponte tem que aproveitar do lado positivo de disputar a Serie B. Por incrível que pareça, tem lado positivo. É mais facil lançar jogadores da base, é mais facil as “apostas” vingarem e é mais facil ser campeão. Pois o nivel da competição é muito inferior a Serie A.

  3. Não sei qual bugrino que pensa que o Guarani esteja no mesmo patamar da AAPP. Eu penso que (ainda) não, talvez até demore um pouco de tempo, mas acho que o Guarani não deve lutar para estar no mesmo patamar, não, pq se espelhar na mediocridade é a pior meta que se tem se quiser voltar a ser um time de verdade.

  4. O fato é que o que a AAPP comemora hoje – oitavo lugar em campeonato nacional – era algo corriqueiro na história do Guarani. Na época do mata-mata, classificar-se entre os oito era o mínimo que se esperava do Bugre. O nosso patamar sempre foi outro. Prova disso são nossas três finais nacionais, contra nenhuma do adversário, e nossas participações na Libertadores.

    Por isso, eu acredito que o Guarani deve esquecer a AAPP e se concentrar em, passo a passo, recuperar seu lugar no cenário futebolístico nacional. Com muita humildade, precisamos elaborar um planejamento estratégico e holístico, à longo prazo, correndo atrás de recuperar nosso posto como o time grande do interior.

    Hoje, a AAPP está em um patamar acima do Bugre? Eu diria que sim, mas de forma leve e sutil. O melhor departamento da AAPP, hoje, é o marketing. Há um marketing muito grande de que a AAPP é um clube de excelência administrativa e tudo o mais. Mas os resultados da última temporada provam que não é bem assim. A AAPP é um clube-império, cujo imperador, semi-deus, é o Carnielli. As contas não fecham, os salários se atrasam. Ou seja, é mais do mesmo, é um clube como quase qualquer outro clube brasileiro.

    Com um pouco de dedicação, o Guarani iguala e ultrapasa esse patamar. E acredito que isso vai acontecer em 2018. Mas, como já disse: o Bugre deve esquecer a AAPP e concentrar-se em tornar-se novamente o que sempre foi: o maior clube do interior do Brasil, que brigava por títulos nacionais.

  5. Isso num campeonato de mata mata,quando o $$$ era praticamente o mesmo para todos participantes. Já no formato atual de ptos corridos o gfc pouco disputou e quando disputou foi rebaixado.
    Não disputa nem a copa do Brasil a 5 anos..
    Provavelmente vc pode morrer e nascer 10 vezes que nunca mais verá o gfc sequer perto de uma libertadores ,quiçá campeão novamente.
    O mais provavel é que em uma dessas 10 vidas vc veja a Ponte tentando ainda ou ganhando um titulo e o gfc extinto…

  6. “Sempre foi” não, apenas de 1978 a 1999. Antes disso quase sempre era a Ponte Preta, a primeira a realmente peitar os grandes da capital! Maior estádio do interior desde 1948, vice-campeã Paulistão 1970, primeira a disputar Brasileirão = Roberto Gomes Pedrosa, primeiros craques do interior na Seleção Brasileira, maior torcida do interior atestada pela Placar, etc) E depois de 1999 voltou a ser a Ponte Preta (tricampeã do interior SP, 2 vice-campeonatos Paulistão, uma final internacional = Sul Americana, etc). Guarani teve seus 22 anos de glória, mas não soube aproveitar e se apequenou

  7. Vixi…. vai começar de novo 2018 com cara de anos passados… A AAPP peitando os grandes? A AAPP teve, de fato, um bom momento quase na mesma época do Bugre mas teve uma queda brusca um pouco antes, lá pelos idos de 1986/87. O que ela conquistou de bom no cenário nacional antes do vice de 1977? Campeonatos do interior o Guarani também tem de sobra, a AAPP participou de uma Sul Americana pela porta dos fundos, preferiu na época ser eliminada da Copa do Brasil, enquanto o Bugre tem 3 participações de Libertadores quando apenas 2 eram os times classificados. E mesmo na draga que vive, o Guarani ainda conquistou um vice em 2012. Em termos de números expressivos, que realmente valem, o Guarani dá um banho na AAPP.

  8. Tricampeã do interior: estou rindo até 2045. O cara comemora quinta colocação no campeonato paulista como se fosse título. Eric AAPP, caiu no meu conceito hein rapaz, kkkkkkkkkkkkkkkk.

    Vagner, corrigindo. Você disse: “O que ela conquistou de bom no cenário nacional antes do vice de 1977?”. Só lembrando que esse vice foi do Paulista, e não no Brasileiro. Ou seja, foi no cenário estadual, e não nacional.

    A Sulamericana da AAPP, os caras foram eliminados de propósito para realizar o sonho de disputar uma competição internacional pela primeira vez… em 2013! E ainda foi a Série B das Américas, pois é isso que é a Sulamericana.