Com defeitos táticos e de posicionamento, mas com garra e dedicação, a Ponte Preta soube aproveitar as debilidades táticas do São Paulo e arrancou uma vitória por 1 a 0, em jogo realizado neste sábado no estádio Moisés Lucarelli e válido pela sexta rodada do Campeonato Paulista. As atenções estarão voltadas para o confronto de terça-feira, contra o Aparecidense, válido pela Copa do Brasil. A alvinegra jogará a favor do empate. No Paulistão, o próximo desafio será sábado, fora, contra o Novorizontino.
Jorginho deveria agradecer ao auxiliar técnico fixo João Paulo Sanchez. O torcedor pode ficar contrariado, mas os 90 minutos contra o São Paulo comprovaram que o perfil do elenco pontepretano está longe daquele de dominar o oponente e pressionar na saída de bola. É um elenco formulado para contra-atacar. E nisso não há demérito nenhum. Diante de um oponente como o São Paulo, essa necessidade fica latente. O barbante começa a ser desfiado quando verificamos as inúmeras tarefas a serem executadas.
Quem deseja executar contra-ataques precisa de uma boa saída de bola. Saber qual volante ou zagueiro inicia a jogada do campo de defesa e quais são as alternativas. Isso não é feito de modo empírico. É treinado, ensaiado a exaustão. Se o tricolor paulista tinha volume de jogo no tempo inicial foi graças a marcação adiantada para forçar o erro de uma Ponte Preta que não sabia com quem fazer a saída de bola.
Quem atua para esperar o sparring precisa de saídas pelos lados. E que esses jogadores estejam protegidos. Não existe isso na Macaca. Arnaldo tem aptidão ofensiva e capacidade de retorno, mas a cobertura por vezes mostrou débil. Renan Fonseca ou Reginaldo em último caso não deveria sair para fazer cobertura. É tarefa única e exclusiva dos volantes ou até por exemplo de Matheus Oliveira. Algo feito por Gerson Magrão ao lado de Diego Renan. Consequência: com tanta desarrumação em conceitos básicos, as triangulações é sonho de uma noite de verão.
É inútil arquitetar contra-ataque sem imaginar a aproximação dos armadores e atacantes. Thalles, forte e veloz, ficava isolado e as vezes nem percebia a chegada de Matheus Oliveira ou Matheus Vargas. Não existia qualquer aproximação. Pelo contrário. Via-se um atacante isolado, sozinho, sedento para pegar a bola e tentar alguma arrancada fortuita. Fruto das linhas longínquas e que dava um espaçamento excessivo no gramado. Nem dá para cobrar João Paulo Sanchez. Não há como corrigir em dois ou três treinamentos.
O segundo tempo surgiu no horizonte e apesar de uma estocada aqui e ali, o quadro não mudava. Por que? Apesar de atuar retroativamente, a Ponte Preta não trabalhava no meio-campo. Matheus Vargas é um atleta talhado para o toque e a cadência de jogo, Matheus Oliveira não acertava boa atuação e Gerson Magrão tinha uma lentidão que lhe obrigava quase a ser uma auxiliar de marcação do lateral de plantão. Sobravam lances esporádicos, como a cabeçada desperdiçada por Thalles aos 18min do segundo tempo. A debilidade de criação gerava ausência de jogadas básicas, como as viradas de jogo e infiltrações pelos lados para surpreender o oponente.
Com tantos defeitos porque a vitória aconteceu aos 33 minutos do segundo tempo após o gol de Hugo Cabral? A jogada de bola parada é um dos patrimônios da Macaca desde a gestão de Guto Ferreira em 2014.. E o São Paulo mostrou deficiências táticas e técnicas muito profundas e fez uma partida de nível muito inferior ao da Macaca. Se a Ponte Preta teve uma atuação nota de 4,5 a 5,0, o São Paulo não passou de nota 3,0. Que já não foi uma maravilha. O gol redentor dá tranquilidade para Jorginho assumir o cargo.
Os três pontos faturados pela Macaca não podem apagar os inúmeros problemas e desafios que devem ser sanados pela próxima Comissão Técnica. Jorginho sabe: para deixar a equipe competitiva será preciso paciência, treinamento e muito trabalho. Mas é preferível consertar com vitória do que com derrota. Agora é pensar na Copa do Brasil. (crônica de Elias Aredes Junior-Foto de Fábio Leoni-Pontepress)
FICHA DO JOGO
PONTE PRETA
Ivan; Arnaldo (Luis Ricardo), Reginaldo, Renan Fonseca e Diego Renan; Nathan, Igor Henrique, Gerson Magrão, Matheus Vargas e Matheus Oliveira; Thalles (Hugo Cabral).Técnico: João Paulo Sanches (interino).
SÃO PAULO
Jean; Araruna, Arboleda, Bruno Alves e Reinaldo; Willian Farias, Hernanes (Igor Vinicius), Nenê e Antony; Gonzalo Carneiro (Diego Souza) e Everton (Biro Biro). Técnico: André Jardine.
Gols: Hugo Cabral aos 33 minutos do segundo tempo
Público: 4652
Renda: 94130
Cartões Amarelos: Arnaldo, Hernanes e Reinaldo
Juiz: Raphael Klaus
Local: Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas