Ponte Preta: a dor de ver a luz se apagar. Por André Gonçalves

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A Ponte Preta carrega a maior folha salarial da Série C.
No papel, isso deveria significar protagonismo. No campo, é apenas mais um capítulo de frustração.

A culpa é de Eberlin? De Valentin? Pouco importa.
O problema é mais profundo: um clube sem rumo, sem planejamento, com ares de amadorismo. Um clube que não consegue chegar ao fim de uma temporada com as contas em dia. Que não paga salário. Que fere sua própria dignidade.

E assim, ano após ano, a Macaca não deixa seu torcedor em paz. A esperança do acesso, que antes brilhava ao menos no início das competições, hoje se dissolve antes mesmo da metade do campeonato. E as manchetes diárias não ajudam: jogador pedindo para ir embora, atletas se recusando a treinar, técnico negociando com outro clube porque está há mais de três meses sem receber.

O destino? Falência.
E quando isso acontecer, dirão que a culpa é das gestões anteriores. Mas e os atrasos de agora, que logo virarão processos? Ah, sim… deve ser culpa da torcida. A minha. A sua. A de quem lê humilde desabafo e insiste em amar.

Porque amar a Ponte hoje é um exercício de resistência.
Resistência dos três ou quatro mil teimosos que, faça sol ou chuva, continuam no Majestoso. Torcedores que deveriam ser homenageados não apenas pela paixão, mas pela coragem de enfrentar, toda semana, a própria dor.

A Macaca Querida está vendo sua luz apagar. E se isso acontecer, será uma tragédia que vai muito além do futebol. Serão 125 anos de história jogados no escuro, com a glória cada vez mais enterrada no passado.

E nós? Continuaremos aqui, nas arquibancadas, porque abandonar é mais difícil que sofrer.

(Artigo escrito por André Gonçalves-Especial para o Só Dérbi)