A diretoria da Ponte Preta anunciou nesta semana um profundo corte administrativo em seu quadro de pessoal. Resolveu dispensar profissionais com anos e anos de trajetória e que acumularam um capital humano capaz de viabilizar atalhos e soluções em tempos de crise. Impossível negar os direitos de qualquer patrão, que é a de contratar, promover e demitir. Só que dúvidas pairaram no ar.
A primeira questão é qual será o caminho trilhado pela Ponte Preta em 2018. Quando passam por instantes de reestruturação, dois caminhos são colocados a disposição. Ou você diminuiu de tamanho apenas como estratégia de sobrevivência (no caso da Macaca, permanência nas Séries B e Série A-1) ou prepara-se para os novos tempos, mas com a permanência de trabalhadores mais qualificados e com alto índice de produtividade. Não parece este ser o critério adotado na Macaca. A metralhadora giratória foi ligada.
É só pegar o exemplo do técnico Leandro Zago do Sub-20, com bom desempenho e chegada em finais e que no final viu o departamento de Recursos Humanos como prêmio. Ou do roupeiro Bezerra, que certamente ganhava um salário baixo. Mesmo com os encargos trabalhistas, não há notícia de que sua presença quebraria o cofre do clube. Estas questões não foram esclarecidas nas informações fornecidas pela Ponte Preta, apesar de alardear a economia de R$ 5 milhões.
A outra dúvida que fica no ar é em relação ao papel de Sérgio Carnielli no processo. Quando a Alvinegra disputou a Série B do Campeonato Brasileiro de 2007 a 2010, o presidente de honra gastou rios de dinheiro e sua folha salarial chegava a alcançar níveis estratosféricos.
Uma mudança de rota ocorreu em 2011, quando com Niquinho Martins como gerente de futebol e Gilson Kleina no banco de reservas, foi possível obter o acesso com pouco. Em 2014, os recursos foram escassos mas só subiu graças ao aporte de Carnielli que viabilizou dinheiro para quitar salários atrasados e fez inserções para que empresários financiassem reforços pontuais, como o armador Renato Cajá.
Carnielli está diante de um cenário intrincado. O elenco é jovem, não há recursos, boa parte da torcida está impaciente e revoltada com a gestão e os argumentos de seu grupo político não convencem. Ou seja, apesar da necessidade da reestruturação, o principal problema não será colocar as contas em dia e sim convencer a opinião pública de que o remédio amargo produzirá a cura. Cá entre nós: foi a própria diretoria que produziu a doença (rebaixamento) e colocou em descrédito os “médicos”( Gustavo Bueno, Ronaldo) escalados para o departamento de futebol.
(análise feita por Elias Aredes Junior)