Ponte Preta Especial: Uma análise pormenorizada e profunda sobre a venda de Vinícius Zanocelo à Ferroviária

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O volante e armador Vinicius Zanocelo foi vendido pela Ponte Preta para a Ferroviária. Valor de R$ 2,2 milhões. Se tudo der certo, a prioridade para  utilização dos recursos é para quitar a divida restante com os jogadores e assim iniciar com calma o planejamento para o Campeonato Paulista. A Macaca comporta-se como o dono de um imóvel que, para não perder o bem, decidi abrir mão do automóvel na garagem.

Se existe algo ilícito na negociação, isso deve ser objeto de investigação do Conselho Deliberativo, no ato de análise do balanço financeiro. Qualquer ilação fora disso é flertar com calúnia e difamação. Como essa negociação será registrada no documento? O balanço responderá. Se for encontrado algum desvio ou ilicitude e com provas, que Tiãozinho e os integrantes da diretoria executiva sejam penalizados e cobrados perante o estatuto do clube e a legislação em vigor.

Concordo que o presidente da Ponte Preta merece criticas veementes. Não pela venda a Ferroviária. Dinheiro, sendo lícito, não tem dono ou status. Mas o processo de condução de venda foi mal conduzido e mostra como o clube infelizmente não conta com pessoas especialistas no mundo da bola e que possam jogar duro para retirar o melhor de cada cenário.

É  necessário relembrar o roteiro. Em novembro do ano passado, a diretoria da Macaca procurou Zanocelo para uma renovação de contrato. Por que? Uma extensão do compromisso daria segurança para a Macaca encontrar um comprador e ainda utilizar o atleta. Nada feito. Os representantes do jogador já tinham em mente a sequência da carreira longe do Majestoso.

A partir daí, uma romaria de propostas apareceu na mesa presidencial. A primeira foi do Palmeiras, que teria oferecido R$ 800 mil pelo jogador, que seria reforço no seu time sub-20. Recusada. Na sequência, a reportagem apurou que um clube dos Emirados Árabes ofereceu R$ 3 milhões e um contrato polpudo ao atleta. Negativo. Sem discussão.

O Flamengo seguiu a trilha do Palmeiras e queria o atleta para o Sub-20. Ofereceu R$ 2,5 milhões. A Ponte Preta queria e os empresários do jogador refutaram a oferta, comportamento diferente que tiveram quando chegou em mãos a proposta da Ferroviária. O valor é de aproximadamente R$ 2,2 milhões e com isso abriria espaço para que Vinicius Zanocelo utilizasse o Paulistão como uma parada intermediária para o Continente Europeu. A Macaca ficou com 15% dos direitos econômicos e ainda terá direito ao percentual de formação estipulado pela Fifa.

Oferta aceita, vamos a etapa subsequente e a pergunta que deve ser respondida: o que faz a Ponte Preta aceitar uma oferta baixa em condições tão desfavoráveis? Por que chegou neste ponto? Esse é o ponto xis do debate.

Este portal apurou com duas fontes diferentes que antes da temporada atual ser iniciada, que o presidente de honra da Ponte Preta, Sérgio Carnielli encaminhou a promessa de auxiliar a atual diretoria na complementação da folha salarial, fato que até hoje não foi desmentido pelos dirigentes e pelo grupo político de Carnielli.

Tiãozinho se viu em péssimos lençóis quando precisou quitar dividas junto a Fifa e que precisavam da quitação imediata sob pena de ameaça de pontos na Série B. Este portal apurou que o recurso foi utilizado com a perspectiva de socorro financeiro do presidente de honra. Nada feito. De novo.

Todo esse cenário, provocado pela ausência de habilidade e firmeza de Tiãozinho, culminou com o quadro atual, que é de dificuldades financeiras tremendas e que força a Ponte Preta a fazer péssimos negócios, não com a meta de crescimento, e sim com a necessidade de sobreviver.

Sendo claro: Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho e seus aliados na diretoria executiva, são diretamente responsáveis por pelo menos 70% do quadro dramático vivido pelo clube. Se mostraram ineficientes e incompetentes. Fato.

Mesmo que indiretamente, é impossível deixar de apontar a influência do grupo político de Sérgio Carnielli em todo o desastre. Afinal de contas, quando você baixa um programa de computador, ele só pode rodar com 100% do arquivo presente na máquina. É impossível dissociar a crise financeira com a queda de braço político nos bastidores.

Ninguém faz sucesso sozinho. E o fracasso sempre tem sócios. Mesmo que eles não queiram aparecer. E isso não pode ser esquecido na hora de analisar a venda de Zanocelo para a Ferroviária.

(Texto, reportagem e análise de Elias Aredes Junior)