Em um dos meus empregos na década de 1990 tive uma situação constrangedora: fui demitido por telefone. Pela secretária. Meu chefe na ocasião preferiu não dar suas razões sobre a decisão. Respeitei. Mas machucou. Feriu minha alma.
Recordo este episódio e penso o que deve passar na cabeça dos jogadores pontepretanos ao saberem, de acordo com o repórter Pedro Orioli, da Rádio Central, que o presidente Vanderlei Pereira deu um telefonema para incentivar os jogadores e saber o andamento do trabalho de Eduardo Baptista após a derrota para o Grêmio.
Na reapresentação desta quinta-feira (09) apenas a presença do gerente de futebol, Gustavo Bueno.
Apesar da presença de dirigentes no almoço antes do embate contra o tricolor gaúcho, a impressão transmitida a opinião pública é de que a Ponte Preta tem um divórcio entre diretoria, jogadores e torcida.
Neste instante seria a hora de um trabalho conjunto, intenso para buscar os pontos necessários. Inclusive com entrevistas coletivas.
Reanimar o ânimo da tropa e mostrar que existe sim possibilidade de chegar ao final da competição com a permanência garantida.
Nada disso. Vanderlei Pereira, Hélio Kazuo, Giovanni Di Marzio e outros aliados parecem querer cair na vala do esquecimento e serem absolvidos por uma campanha ridícula, patética, sem nexo e com baixo aproveitamento de pontos.Atitude inútil.
Gustavo Bueno é o principal culpado? A resposta é positiva porque fez contratações equivocadas. Não deu opções nem para Gilson Kleina ou para Eduardo Baptista. Agora, esse espiral de erros só ocorreu porque os dirigentes da Ponte Preta são neófitos e limitados em matéria de futebol.
Se soubessem, certamente contestariam figuras como Naldo, Jadson, Fábio Ferreira, entre outros.
Vou além: seriam vigorosos na cobrança dos responsáveis pela categoria de base, incapaz de formar três ou quatro volantes de capacidade mediana, o que provocaria economia nos salários. Ao invés de se atualizarem sobre a modalidade, a resolução é aparecer só na hora de contratações de impacto e desaparecerem na hora do sufoco. Não é uma medida de bom grado em relação a gestão do futebol.
Nada disso. Preferem ficar escondidos da imprensa e da torcida. Mostram desrespeito até com os 835 conselheiros aptos a disputarem as eleições na Ponte Preta no dia 27 de novembro.
O que todos os eleitores desejam é verificar quais os planos de governo, as ideias para o departamento de futebol e as metas das próximas competições. Para que tudo isso acontecer é preciso falar, dialogar, conversar. Nada disso. O lema é esconder-se de tudo e de todos.
Pior do que a presença na zona do rebaixamento é o quadro apresentado na Ponte Preta, com uma torcida inflamada, fanática, intensa e apaixonada enquanto sua diretoria é de uma frieza dramática. Sem prazo para resolver.
(texto e reportagem: Elias Aredes Junior- atualizado as 15h06)