Existe um detalhe ignorado por torcedores e cronistas esportivos e que demonstra que o planejamento definido pela Ponte Preta para 2020 deveria ser revisto: o contrato firmado com Gilson Kleina até o final do Campeonato Paulista. Se verificarmos com precisão e calma, a decisão é uma declaração de desconfiança das duas partes.
Quando começa a temporada, ninguém deseja trocar de treinador. Especialmente aqueles que buscam o acesso na Série B. Querem um trabalho com começo, meio e fim. De preferência a partir da competição regional. Foi assim com o Fortaleza de Rogério Ceni em 2018 ou com Red Bull Bragantino de Antonio Carlos Zago. Por que com a Ponte Preta deveria ser diferente? Como acreditar que pode dar certo um planejamento cuja permanência do treinador não está assegurada até o final de novembro.
Tudo cheira a absurdo. Digamos que Gilson Kleina embale boa campanha daqui para frente, chegue na final do Campeonato Paulista e com futebol de qualidade. Pense na conjuntura difícil para renovar o contrato. Kleina com razão poderia pedir aumento. A Macaca com orçamento curto não teria como aceitar. Ou se surgir uma outra proposta, bingo: Kleina liga o carro e segue sua vida.
E se der errado? O clube demite o técnico, paga a multa e faz uma confissão pública de que fez uma escolha equivocada. Trabalho jogado no lixo.
Pior: o homem escolhido para ficar no banco de reservas até o encerramento do Paulistão ajudou na escolha dos atletas do atual elenco e que deverão atuar até novembro. O comandante tem garantia de permanência? Não, não tem. Uma medida que vai contra ao discurso estabelecido em diretoria, de que a prioridade é o acesso na Série B. Ué, mas se o acesso é prioridade como o treinador só tem contrato até abril? E a competição que começa em maio? Não dá para entender.
Se a atual estadia de Gilson Kleina fosse uma novela poderíamos dizer que a audiência não ficará contente seja qual for o final. É, os roteiristas não ajudam.
(Elias Aredes Junior)