O futebol ficou mecânico. Tudo é executado como parte de uma rotina enfadonha e por vezes entediante. Pegue como exemplo as entrevistas coletivas. Seja nos treinamentos ou após os jogos, tanto jogadores como treinadores e dirigentes cumprem o protocolo como se estivessem em direção a guilhotina e não para prestar esclarecimentos ao torcedor. Não precisa pensar duas vezes. A Ponte Preta encaixa-se perfeitamente neste quadro.
Nunca uma diretoria foi tão muda e com escassa disposição para falar, apesar de suas boas intenções na conduta administrativas. Dá declarações? Sim, mas quando o caso parecia de vida ou morte. Não encara o Campeonato Brasileiro como uma competição esportiva cujo objetivo é superar 19 concorrentes e sim como uma trincheira de guerra cuja meta é vencer os dois oponentes poderosos e destruidores e que atendem pelo nome de imprensa e torcida.
Um episódio chamou minha atenção. O vice-presidente Giovanni DiMarzio concedeu declarações a Rádio Itapoã, de Salvador e confirmou entendimentos para a transferência de Rhayner para o Vitória (BA). A mesma informação que era negada com boa dose de irritação pela assessoria de imprensa durante os treinamentos. Pergunto: para quê? Com que objetivo? Por que não esclareceu para a torcida aqui em Campinas? O que impedia?
Entenderia perfeitamente a postura recatada e muda da diretoria da Ponte Preta se os outros dirigentes componentes da Série A também fossem arredios aos microfones. Não é o que verifico. Daniel Nepomuceno está presente na vitória ou na derrota. Leco não foge da raia e dá declarações a imprensa até horas antes dos jogos. Modesto Roma Junior é outro que não se intimida perante os microfones. Eduardo Bandeira de Mello é presente em mesas redondas ou links de programas esportivos.
Para ninguém dizer que falo apenas dos gigantes, o mandatário do Vitória (BA), Raimundo Vianna, admitiu na véspera do jogo contra a Ponte Preta que estava interessado em contar com Escudero e o atual presidente do Atlético-PR, Luiz Salim Emed, só aceitou disputar as eleições se ocorresse uma mudança no relacionamento do clube com a imprensa e com a sociedade em geral.
Enquanto isso, na Ponte Preta, temos os seguintes componentes da diretoria ou do staff do futebol: Vanderlei Pereira, Giovanni Dimarzio, Giuliano Guerreiro, Cristiano Nunes, Gustavo Bueno e Hélio Kazuo. Todos bem intencionados e honestos na condução da Ponte Preta, mas com resistência tremenda ao diálogo com a torcida por intermédio dos veículos de comunicação. Resultado: muitas vezes, a Ponte Preta administra crises que nem deveriam existir. E mais: se não gostam da imprensa, por que não utilizam as redes sociais para esclarecer temas polêmicos da gestão? Fica a dica.
Se existe um mal dos nossos tempos é a fofoca, cuja semente muitas vezes é a falta de uma palavra, uma frase, uma mísera sentença. Não custa nada abrir a boca e vender esperança de dias melhores.
(análise feita por Elias Aredes Junior)