Vitórias geram comemoração. Celebração. Servem de argumento para delírios e sonhos de dias melhores. Vitórias explicam e esclarecem muita coisa. Quem acompanhou o confronto entre Palmeiras e Ponte Preta, sábado, no Estádio Moisés Lucarelli, não viu apenas uma equipe aguerrida, determinada e bem posicionada. Viu respostas para questões que pairavam pelo ar.
A Ponte Preta venceu e Eduardo Baptista saiu como vencedor. Marcou de modo impecável o time palmeirense, inverteu as posições de Felipe Azevedo e Ravanelli, liberou Reinaldo ao ataque e aproveitou-se do posicionamento confuso de Tchê Tchê e Jean na lateral direita.
No segundo tempo, as duas linhas de quatro jogadores, o bom posicionamento de Cristian para cadenciar o jogo e a volúpia de Thiago Galhardo para desafogar e criar pelo lado esquerdo demonstraram o esquema tático de um profissional antenado e estudioso.
Eduardo Baptista pode errar? Sim, porque é sujeito a falhas e em um campeonato com mais 36 rodadas fica impossível deixar de exibir altos e baixos no gramado como no banco de reservas. Pegue tais conceitos e a saída de Alexandre Gallo e a entrada de Eduardo Baptista está justificada. Plenamente.
Não foi a prancheta de Eduardo Baptista a vencedora solitária. Antigamente, os torcedores da Macaca não presenciavam a revelação de jogadores nas categorias de base. O time titular que jogou contra o Palmeiras contou com o lateral-direito Jeferson, o volante Matheus Jesus e o armador Ravanelli. Se o lateral ainda passa por momento de adaptação, dos outros dois não há como criticar.
Perna esquerda talentosa e talhado para executar um trabalho de transição, Matheus Jesus forma uma dupla de volantes com João Vittor que faz o torcedor da Macaca esquecer Fernando Bob. Ravanelli, além do talento nato, é capaz de dedicar-se com afinco a marcação ou atender aos pedidos do treinador, mesmo que distorça suas características. As atuação do trio de garotos responde quem tinha dúvida sobre a validade de investir nas categorias de base.
A vitória exibiu o caminho para a Macaca vencer qualquer um dos gigantes. Os ingredientes deveriam ser conhecidos de qualquer torcedor cujo time do coração não tem o poderio financeiro desejado: inteligência, reconhecer os pontos fracos do adversário e busca do limite no preparo físico. Foi assim contra o Palmeiras, será assim diante do Corinthians e Flamengo e diante dos outros oito gigantes do futebol nacional. Os 90 minutos iniciais disputados no Majestoso responderam aos céticos. Vencer o Palmeiras também foi uma resposta aos que analisam futebol em curtissimo prazo.
Após o empate por 0 a 0 com o Figueirense, o time pontepretano foi criticado de modo veemente e alguns apostaram que a luta contra o rebaixamento seria eminente. Vem os três pontos faturados contra o Palmeiras e fica a pergunta: quem está certo? O que está errado? Tudo pode ser resumido em duas expressões: bom senso e ponderação. Esperar o campeonato ser desenvolvido, aguardar a inclusão de reforços do porte de William Pottker, Roger, Renê Júnior e Thiago Galhardo, assistir aos jogos e tirar uma conclusão.
Sabedoria para esperar as respostas da bola e da vida. Lição que fica para quem estuda futebol e acompanha a Ponte Preta como única paixão. Vai poupar o torcedor de muitas decepções.
(análise feita por Elias Aredes Junior- Fábio Leoni-Pontepress)