A torcida do Guarani virou o décimo segundo jogador na Série A-2. Empurra o time no rumo à divisão de elite. Apoia o técnico Umberto Louzer nas decisões. Faz festa para os gols de Bruno Mendes, Nazário ou qualquer outro que apareça. Mobilização capaz de gerar uma dúvida: por que essa comoção não é refletida na vida social e política do clube?
Quem conhece a história lembra de imediato a quantidade enorme de sócios presentes na vida social. As eleições entre Leonel Martins de Oliveira e Luiz Roberto Zini, durante a década de 1980, eram similares a de municípios de pequeno porte. Campanhas que monopolizavam o interesse da imprensa e da própria cidade de Campinas. Hoje virou uma assembleia de condomínio. Pouca participação, nenhuma ideia, quase zero de inovação.
O atual grupo político só se viabilizou porque o seu primeiro mentor, Cid Ferreira, era próximo de José Luis Lourencetti e conhecia os meandros e armadilhas do estatuto. Hoje temos um quadro exótico: um clube que apaixona multidões e que está na mão de poucos. Poucos quadros nos gabinetes, Conselho Deliberativo enxuto, Brinco de Ouro entregue às moscas em boa parte dos dias.
Alguns podem alegar as brigas políticas e as desavenças como álibi para o desaparecimento das pessoas. Pois deveria ser o contrário. O torcedor comum deveria ficar motivado a comprar um título patrimonial, frequentar o clube e auxiliar na formação de novas correntes de ideias, mais debates.
Ninguém é eterno. A rotatividade de poder é fundamental para o crescimento de uma instituição. Imagine do Guarani, entregue a uma estrutura deficitária, sem recursos polpudos e envolvido há 20 anos em uma espiral de incompetência que parece sem fim. Ou os 10 rebaixamentos foram fruto do acaso.
Os torcedores querem lutar pelo acesso. Desejam o fim do sofrimento. Então que no dia seguinte assumam a responsabilidade de atuarem na oxigenação e renovação de uma instituição centenária.
(análise feita por Elias Aredes Junior)