Renato, Vanderlei Paiva, Zenon, Marco Aurélio, Zé Carlos e Dicá. Seis ídolos. Seis maneiras de ver uma época vitoriosa

1
2.968 views

A foto foi publicada pelo jornalista Sthepan Campineiro e rodou as redes sociais de bugrinos e pontepretanos. Em um escritório, talvez no final da década 1970 perfilados da esquerda para a direita estavam o bugrino Renato, o volante pontepretano Vanderlei Paiva, o camisa 10 Zenon, o motorzinho Marco Aurélio, Zé Carlos e mestre Dicá.

Parece uma foto despretensiosa. Diz muito do sucesso do futebol campineiro nas décadas de 1970 e 1980 e o que foi perdido no caminho.

Renato representa a eficiência das categorias de base bugrinas. O garoto que galgou etapa por etapa e a partir de 1976 fez parte da equipe profissional e fez história. Rápido, veloz, destemido, ousado e dono de uma dinâmica que deixava o meio-campo bugrino quase imbatível.

Vanderlei Paiva e sua história representam o tempo que Campinas abria os braços aos forasteiros sem restrições. Paiva foi campeão brasileiro pelo Galo Mineiro mas saiu de lá contestado pela torcida e imprensa. Dedicava-se e colocava a superação em campo e não era reconhecido.

Em Moisés Lucarelli, Paiva foi o alicerce para a formação de um timaço, que só não ganhou do Corinthians em virtude dos desígnios do futebol. Zenon é outro que podia abraçar Campinas sem temor.

Técnico, habilidoso, capaz de efetuar lançamentos precisos e de calar o Maracanã em semifinal de Brasileirão, Zenon representava a eficiência dos dirigentes campineiros em descobrirem pedras preciosas em locais com futebol de nível intermediário, como era o Avaí na década de 1970. Uma descoberta cuja venda viabilizou a construção do tobogã.

Joias que apareciam em todas as posições. Hoje aos 67 anos e radicado em Campinas, Marco Aurélio teve passagens discretas por Fluminense, Vitória e Noroeste até chegar na Ponte Preta.

Foi o parceiro ideal para Dicá. Um corria e carregava o piano e o outro lançava. Um era capaz de marcar como um leão e outro acionava velocistas no contra-ataque. Dupla perfeita.

Perfeição que também é sinônimo para Zé Carlos. Líder, correto, técnico, passe correto, com bela visão de jogo, Zé Carlos foi um volante com alma de treinador em 1978. A reta final de carreira não impediu que desempenhasse um futebol com face de diamante. Abriu a porteira para outros como o meia Paulo Isidoro e Fumagalli. Ou seja, gente que desembarcou no crepúsculo da carreira no Brinco de Ouro e fez história.

Para fechar, Oscar Salles Bueno Filho. Dicá. Pontepretano. Campineiro genuíno. De seus pés não saíam apenas gols. A alma de cidade prestes a virar metrópole estava ali. O camisa 10 da Macaca representava não só o Jardim Santa Odila. Traduzia o sonho e o desejo de cada garoto com sede de triunfar na bola. Dicá representou com maestria este sentimento.

Renato, Vanderlei Paiva, Zenon, Marco Aurélio, Zé Carlos, Dicá. Seis atletas. Seis histórias. Peças que emolduravam um futebol de sonhos. Tudo se perdeu. Precisamos encontrar as peças perdidas representadas por estes ex-atletas. Não custa sonhar.
(Análise de autoria de Elias Aredes Junior)