Seleção Brasileira: a hora é de reconstrução. Com a participação de todos!

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A queda da Seleção Brasileira na Copa do Mundo Feminina para a Jamaica foi uma oportunidade única para verificar como encaramos fatos adversos. Após o apito final, as redes sociais foram invadidas por todo tipo de comportamento. A maioria condenou o trabalho da Pia Sundhage (com razão), outros cobraram uma postura diferente das jogadoras e alguns de maneira sábia condenaram a condução da  CBF.

Sim, porque ser eliminado no Catar para Croácia no masculino, cair diante de Israel no Sub-20 e agora para a Jamaica é um sinal claro de administração mal feita de ponta a ponta, como  bem apontou a jornalista Milly Lacombe, muito feliz ainda em constatar um futebol brasileiro que foge às suas características de jogo.

Chegou o instante da reconstrução.

Do recomeço.

Muitos avanços já foram obtidos.

As mulheres receberam respeito para exercerem o seu ofício. Na raça. Não deveria ser assim mas foi.  Isso não pode ser esquecido e nem ignorado. Se as televisões hoje obtém índices relevantes de audiência e se atletas como Marta se transformaram em referência é apenas e tão somente porque dezenas, centenas de garotas fizeram o sacrifício de lutar por um futebol feminino de alto patamar sem receber quase nada em troca. Repito: isso é relevante.

O foco é pensar em colocar o país no alto padrão do esporte. Lutar para que nas próximas edições de Olímpiadas e Mundiais a presença do Brasil entre os quatro melhores seja uma rotina. 

A transformação desta quase utopia em realidade requer uma medida: o desarmamento dos espiritos. De todos os lados.

A viabilização de um futebol feminino melhor passa por tal comportamento. Entender que os homens que estão em processo de reconstrução de suas atitudes machistas devem se colocar à disposição. Mostrar apoio irrestrito aos avanços que forem necessários. Aceitar que somos coadjuvantes, nunca protagonistas.

Dentro de si, devemos batalhar para que a gene do machismo não prevaleça. Não, mulheres no futebol não podem e não devem ser submissas. Devem ser tratadas como cidadãs com seus anseios, pedidos e sonhos.E o espaço ser cada vez mais ampliado. Não podem ser infantilizadas. Podem e devem ser cobradas de uma maneira profissional. Sem assédio moral ou sexual, esta praga que assola o nosso cotidiano.

Nós, homens, devemos fazer nossa mea culpa. Somos responsáveis diretos  por boa parte do atraso existente no futebol feminino brasileiro. A falta de recursos, a estigmatização atirada sobre as atletas, a cobertura midiática inexistente no passado e os recursos escassos no dia a dia dos clubes…Tudo isso é fruto de uma machismo estrutural e tóxico que destrói não somente as chances de avanço nas jogadoras como bloqueia a evolução em toda e qualquer mulher que habite este país tropical e queira exercer sua cidadania. Em qualquer área.

Ou seja, os homens devem fazer a sua lição de casa e as mulheres precisam compreender que não estão mais em uma guerra e sim em  um processo demorado e intrincado, cuja paciência e solidariedade entre todos são atributos básicos. A hora é de tristeza, jamais de desalento e desmobilização. A evolução obtida é clara. É preciso mais. O êxito só ocorrerá com a participação de todos, todas e todes. Assim, a alegria será colhida em um futuro muito próximo.

(Elias Aredes Junior- com foto de Thais Magalhães/CBF)