Jornalistas vivem de sonhos. Sejam estes profissionais consagrados, humildes ou em inicio de carreira. Virei jornalista há 28 anos por um único desejo, a de participar do noticiário e da vida cotidiana de Ponte Preta e Guarani.
Tive uma primeira chance em 1995, quando trabalhava aos finais de semana no Diário do Povo e depois quando cobri férias da jornalista Laine Turati, hoje no Hora Campinas. Fiquei um breve período na editoria de esportes do Diário do Povo em 1996, quando fiquei revezando entre o Brinco de Ouro e o Moisés Lucarelli.
O tempo passou, tive (e tenho) uma satisfatória experiência na imprensa sindical até que em 2008 fui contratado para ser setorista dos dois clubes pelo jornal Todo Dia. Foi um período rico, de reportagens bacanas e uma convivência hiper positiva com companheiros como Cláudio Gioria, meu chefe e condutor em todo esse período.
A crise chegou ao jornalismo, perdi o emprego e precisava me reinventar. Foi quando tive a ideia de fazer um site opinativo, noticioso e que tivesse Ponte Preta e Guarani como seus primeiros focos. Fui expor a ideia a minha amiga Adriana Giachini.
Na época, o seu chefe, o advogado Eduardo Surian Matias ficou tão entusiasmado com o projeto que até sugeriu seu nome: “Aqui só tem derbi”. Era outubro de 2015. Dias depois fui jantar com meu amigo Leandro Ginefra, hoje comerciante, que não teve dúvidas em apostar no sucesso da empreitada. E me deu a sugestão: “Resume isso em uma palavra: só Derbi”. Estava definido o nome.
Entramos no ar no dia 26 de janeiro de 2016. Junto com meus amigos Adriana Giachini, Paulo do Valle e Julio Nascimento fizemos uma proposta que vai contramão do que se pratica no jornalismo esportivo atual: critico, apartidário e independente.
Neste período, entramos em embates com dirigentes, jogadores e treinadores. Tudo para fornecer o melhor ao torcedor campineiro. Independente de números de audiência, colocamos em mente a determinação de buscar a melhoria do futebol de Campinas. Para que ele encontre caminhos interligados a modernidade, a competência e aos processos existentes nos principais centros esportivos do mundo.
Sim, às vezes dá vontade de desistir. Parar com tudo. Deixar que os dirigentes façam suas vontades, virem as costas ao torcedor e deixe que um processo de autodestruição arrebente com dois clubes centenários.
Hoje estamos sozinhos na trincheira. Os companheiros iniciais voaram e são protagonistas de seus tempos. O desânimo, a frustração tomam a nossa alma quando pensamos que ninguém quer ouvir ou escutar. Muitos pensam na vitória de hoje. Jamais no amanhã.
Mas essa vontade de desistência é derrotada quando penso na cidade de Campinas, em tudo que ela forneceu para que eu fosse o que sou. Penso no operário, no trabalhador humilde que conta seu suado dinheiro para ir ao campo de futebol. Como eu fiz um dia. Desse jeito, não há como desistir. É lutar, trabalhar e esperar por dias melhores. Que o Só Dérbi viva, sobreviva, resista e avance. Para o bem do futebol campineiro.
(Elias Aredes Junior)