Encontro uma torcedora pontepretana no centro da cidade de Campinas. Tomo conhecimento de uma história curiosa. Quando está no Estádio Moisés Lucarelli ou até na televisão, ao perceber que o time não tem mais chances de vitória ou de obter um empate, a atitude da torcedora é conversar com amigos, ou fora da arquibancada ou longe da televisão.
Não pensei em acusá-la de abandonar o time em hora delicada. E por um motivo: nos últimos jogos, mesmo que de um modo torto, a Ponte Preta não provocou sentimento de vigília no seu torcedor.
Contra o Cruzeiro, o placar de 4 a 0 foi o sintoma de uma equipe que foi dominada pelo Cruzeiro, mas que aceitou apaticamente a situação que lhe foi imposta. Sem buscar alternativas para fugir da marcação implantada por Paulo Bento, a resolução dos jogadores da Alvinegra foi de esperar o tempo passar e formular as desculpas de praxe. Ressalte-se que Felipe Azevedo fugiu de tal cenário.
Quatro dias depois, no Barradão, o esquema tático foi alterado, Eduardo Baptista promoveu a entrada de William Pottker e o gol inaugural anotado pelo neo titular parecia um prenúncio de novos tempos. Veio o empate e chances foram desperdiçadas no segundo tempo.
Ao final do jogo, o lamento não foi por deixar de ganhar dois pontos contra um oponente direto, mas a comemoração por ganhar um ponto. Deveria celebrar? Até poderia, mas nunca ao ponto de demonstrar falta de sede em buscar a vitória. Pergunta-se: quem tem coragem e ânimo para assistir a um jogo da Macaca diante deste estado de ânimo?
Já escrevi neste Só Derbi que a falta de ambição da diretoria e a ânsia de título da torcida gerou um quadro de descontentamento e de separação que parece dificil de resolver. O que não poderia imaginar é que tal situação produz uma apatia capaz de fazer um apaixonado torcedor esquecer até o ingresso que pagou.
Nesta quinta-feira, mais do que conquistar uma vitória, ficar aliviada por um empate ou sofrer por nova derrota, o foco deve ser a Ponte Preta voltar a dar prazer ao seu torcedor. Que o conformismo e apatia cedam seus lugares para a raça, a determinação, a técnica e a habilidade. Tais requisitos fariam o pontepretano torcer do primeiro ao último minuto. E ter a certeza de que o sofrimento, mesmo se vier, será temporário e não trará sequelas profundas.
(análise feita por Elias Aredes Junior)