O torcedor do Guarani está inconformado. Indignado. Sem rumo. Apático. A derrota para o Sport, a presença na zona do rebaixamento e o letargia dos dirigentes em contratar e promover uma reformulação na equipe faz com que muitos joguem a toalha.
Nos últimos dias frases são comuns na rede social bugrina como “não dá mais”, “já caiu”, “melhor pensar na Série C”, entre outros conceitos nada otimistas. Um quadro é você admitir que o time é ruim. Isso é ser realista. Outro ponto é você, torcedor, prever qual será a colheita em novembro. Como você prevê rebaixamento, isso chama-se pessimismo.
Que fique claro: o jornalista, responsável pela cobertura e análise do clube, se considerar que o rebaixamento é o destino pode e deve falar isso. Porque esta é sua profissão e missão. O torcedor não.
Neste mosaico da opinião pública, torcedor e jornalista devem ficar em campos opostos. É da fricção e do conflito de opiniões que algo positivo é construído e viabilizado. Não há florescimento de ideias e medidas concretas sem debate, conflito e reflexão. Não há.
Quando o jornalista adota o discurso do torcedor, o prejuízo é que o jornalista torna-se um profissional adocicado e sem espirito crítico, essencial no exercício da profissão; quando o torcedor adquire 100% a linha de pensamento do torcedor o que prevalece é o resmungo, o pessimismo inconsequente, a ausência de esperânça. Não há como dar certo quando os papéis são trocados.
Dito isso, quero adaptar uma frase que ouço sempre e quero dirigir ao torcedor do Guarani. A frase original é “Se a gente desistir eles vencem”. Para o torcedor bugrino é: “Se o torcedor bugrino desistir, o rebaixamento é certo”.
Sim, o presidente Ricardo Moisés comete erros atrás de erros em 2022. O elenco é limitadissimo e recebeu a chancela do presidente. A pontuação é baixissima e não há perspectiva de saída em curto prazo. No entanto, existem instrumentos de saída. Legitimos.
Democráticos.
E que podem exercidos pela torcida, seja nas redes sociais ou nas arquibancadas do Brinco de Ouro durante os jogos. Sem violência.
Exemplos práticos: onde estão os garotos revelados pelas categorias de base? Onde encontra-se uma política sistemática de promoção de ingressos? Em que lugar se encontram os verdadeiros bugrinos na busca da reação ou até da injeção de dinheiro se for necessária? E o Conselho Deliberativo? Assiste tudo de braços abertos?
Para comprovar minha tese quero recordar um ano: 2011. O quadro era dramático para o Guarani na Série B. Vários meses de salário atrasado. Leonel Martins de Oliveira, o presidente de ocasião, também não tinha diálogo com a oposição. Pois a torcida se uniu, Leonel fez modificações de procedimentos, concedeu apoio a Giba e o time escapou. E com grande festa da torcida. Por que a história não pode ser repetida?
Guarde na cabeça: Se você desistir, o Guarani cai. Não esqueça disso.