Paro meu carro em um estacionamento no centro de Campinas. Há muitos anos. O proprietário, senhor Pedro, é um torcedor fanático do Guarani. Já participou da administração de Luiz Roberto Zini. Antes que eu saia do local, ele me pede para conversar um pouco sobre a atual fase bugrina na Série C do Brasileiro.
Concordo e ouço seus argumentos. O derradeiro me deixou intrigado. “Acredito que o time poderia melhorar muito se o Fumagalli fosse colocado no banco de reservas. Ele está quase andando em campo”, disse o empresário.
Fiz um contra-argumento e quero esticar o tema neste espaço. Interessante o quadro vivido por Fumagalli. Seja na fase boa ou ruim, o camisa 10 bugrino é o único jogador que atrai atenção da imprensa nacional e daqueles que não acompanham o dia a dia do Guarani. Tem um excelente papo, inteligente e antenado com o futebol. Dedicado aos treinamentos e participativo. Recebe elogios de Marcelo Chamusca. É comprometido. Fato.
Algo percebe-se a olhos vistos: o número de pessoas que torcem o nariz para o seu futebol cresce a cada dia na torcida do Guarani e na crônica esportiva campineira. Os argumentos são vários, mas especialmente porque pegam na questão da parte física. De que Fumagalli não sustenta o ritmo de jogo os 90 minutos e que não cumpre as determinações impostas a qualquer camisa 10 clássico do futebol brasileiro.
Concordo em parte. No futebol atual, é quase impossível um armador portar-se de modo clássico e ignorar a necessidade de ajudar na marcação, auxiliar na jogada de bola parada e mostrar fôlego para buscar o campo de ataque. Por uma questão humana, Fumagalli não tem condição de exercer todas estas tarefas. Sem contar a sua própria performance na Série C do Brasileirão, em que tem atuações apagadas e muito aquém do que se espera o torcedor bugrina e a própria diretoria.
A lógica e a razão parecem ganhar de goleada não é verdade!? Mas quem disse que o futebol prima pela lógica e coerência? Tenha um pouco de consciência e verifique que os obstáculos presentes não tiram de Fumagalli o faro de gol e a capacidade de decidir jogos. Há duas rodadas, o Guarani teve um jogo durissimo contra o Boa Esporte. Teve dificuldade para ficar com a posse de bola e por vezes parecia satisfeito com o empate por 1 a 1. Quem apareceu para botar a bola na rede e decidir o jogo? Sim, ele, Fumagalli.
Os integrantes do clube contrário ao camisa 10 bugrino cresce a olhos vistos. Mas existem dois entraves para a realização do sonho de vê-lo no banco de reservas. O primeiro é o passado do atleta, com 236 jogos, e 73 gols anotados. O segundo é o presente. Fumagalli ainda consegue fazer estes números serem alterados. Não é pouco.
(análise feita por Elias Aredes Junior)