Uma análise sobre pontos da entrevista de Gustavo Bueno na Ponte Preta

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Há muito tempo uma entrevista não gerava tanta polêmica na Ponte Preta. Após periodo de hibernação e sem declarações de dirigentes graduados, Gustavo tomou a palavra como representante do departamento de futebol. Defendeu o legado da campanha, a linha de trabalho bancada por Vanderlei Pereira e Sérgio Carnielli e prometeu um 2017 melhor. Uma pergunta salta aos olhos: por que as suas respostas geraram tanta controvérsia? 

No final deste post teremos o link para a íntegra da entrevista e que está no site oficial da Ponte Preta. Outras matérias serão feitas por este portal. Decidi destacar alguns trechos e comentar e abordar alguns que justificam a contrariedade das arquibancadas. Acompanhe:

Campanha fora de casa

Muito se fala que a Ponte não tem feito uma campanha fora e realmente longe de Campinas não tem sido regular. Mas hoje gostaria de estar no lugar do Atlético Paranaense, que é o sexto colocado com 51 pontos, sendo uma das piores campanhas fora de casa. Se não me engano a Ponte é o clube 13º colocado a nível de pontuação fora. Se valesse rebaixamento para jogos fora de casa a Ponte não correria risco também”.

Comentário: Na realidade, a Ponte Preta soma 10 pontos e está na 15ª colocação no ranking dos visitantes. Se fosse levado em consideração apenas os jogos fora de casa, a Alvinegra está apenas dois pontos acima do Santa Cruz, o 17º colocado. Se uma comparação for feita com a edição do ano passado, o quadro é desolador. Em 2015, após 19 rodadas como visitante, a Macaca somou 20 pontos e teve aproveitamento de 35,1% dos pontos disputados. Hoje, é de 19,6%. Conclusão: a performance como visitante é decepcionante. Muito.

Libertadores

Nós ainda acreditamos na Libertadores. Claro que estamos trabalhando com o planejamento de 2017, mas estamos há seis pontos do G6 e cinco pontos do G7. Se formos analisar, dos cinco jogos que restam, temos três confrontos, sendo dois em casa. Temos o Santos, o Fluminense e só o Botafogo fora. Então acreditamos sim, vamos lutar até o final em busca desse objetivo, até mesmo porque sabemos da importância que é disputarmos uma Libertadores. Seria histórico para o clube, além da questão financeira”.

Comentário: Para chegar a Libertadores do ano que vem, a Macaca teria que chegar entre 57 a 60 pontos. Ou seja, ou um aproveitamento de 100% nas cinco rodadas decisivas ou perder apenas um jogo. De acordo com o matemático Tristão Garcia, do site Infobola, a Alvinegra não tem  chance. Fica dificil apostar na transformação da crença de Gustavo Bueno em realidade.

Alcance de objetivos

Tudo é um trabalho que tem que ser conduzido a médio e longo prazo. É muito difícil dentro de uma realidade orçamentária que a Ponte Preta vive hoje, conseguir briga com as grandes equipes. Eu vou dar um exemplo aqui: o Campeonato Brasileiro de pontos corridos começou em 2002. Até 2016 teve um ano só que o Atlético Paranaense conseguiu estar entre os quatro, pela briga da Libertadores. Nenhuma outra equipe de orçamento médio conseguiu.

Comentário: Diretores e responsáveis pelo departamento de futebol devem ser bem assessorados. Até porque eles têm diversos temas para tratar e resolver. E nesse quesito a assessoria de futebol pontepretana não lhe deu as informações necessárias. De 2003 a 2015 em seis oportunidades times médios ficaram nas cinco primeiras posições. Em 2003, o São Caetano ficou em terceiro lugar e no seguinte o Atlético-PR foi o vice-campeão brasileiro. Já em 2005, o Goias surpreendeu o futebol nacional e ficou em terceiro lugar atrás de Corinthians e Internacional. Já em 2006 foi a vez do Paraná fazer história ao ficar na quinta colocação. Em 2010, o Atlético-PR cravou a quinta colocação enquanto que o Figueirense dirigido por Jorginho cravou a sétima posição. O Atlético-PR conseguiu a quinta posição em 2010 e em 2013 terminou na terceira posição. É difícil? Sim, é. Mas não é tão raro como disse o diretor pontepretano.

Idas e vindas

Nós temos que valorizar o trabalho que foi feito. É muito difícil brigar por título com equipes que tem de 8 a 10 vezes a mais o valor da sua receita. Não é fácil. Em 2014 para 2015, quando a Ponte subiu, as quatro equipes que subiram (Ponte, Vasco, Joinville e Avaí), três no mesmo ano rebaixaram e só nós ficamos. E esse ano, das quatro equipes que subiram (Botafogo, Santa Cruz, América Mineiro e Vitória), a única que está mantida é o Botafogo, as outras brigam para não cair. É um campeonato difícil”.

Comentário: Neste requisito, o diretor pontepretano está corretissimo. Realmente a disparidade econômica gera distorções que impedem a competividade. Mas a reclamação do torcedor é que no ano passado, após bater o Joinville por 1 a 0 e chegar aos 50 pontos o desarme foi amplo geral e irrestrito. O time não venceu mais nenhum jogo até o final. O problema não está na desigualdade econômica e sim a desistência de lutar.

Cobranças

Não podemos cobrar da Ponte como se cobra um clube com orçamento de R$90 milhões. Temos que olhar para a realidade da Ponte. É muito difícil com uma folha e com orçamento que temos, fazer uma média de nono colocado. Vamos olhar um pouco para trás e olhar um pouco para trás, para virmos as forças que estão tendo dificuldade”.

Comentário:  A reclamação do torcedor nem é em relação ao atual Campeonato Brasileiro e sim pelas chances perdidas na temporada. O Paulistão abriu brecha? A campanha foi pífia. Copa do Brasil? Abriu vantagem de 2 a 0 e desperdiçou a classificação contra o Atlético Mineiro. Sul-Americana? Foi desprezada tanto ano passado ao perder da Chapecoense como neste ano. Pelos erros de contratações em anos anteriores, considero que o elenco da Macaca nunca foi qualificado para suportar duas competições. A torcida quer pelo menos sonhar com um título. E nem isso lhe é permitido.

Renovações

Nós renovamos com os volantes nossos, Abuda, Elton, Mateus Jesus, o João Vitor estamos trabalhando. O Nino e o Jeferson já tem contrato. Temos contrato com o Breno até o final do paulista. Os zagueiros estamos encaminhando. Dos volantes para trás estamos muito bem encaminhados. Estamos ajustando o Antônio Carlos. O Aranha tem opção de contrato de mais um ano. Estamos finalizando a renovação do Roger. O Pottker tem contrato. O Clayson tem contrato. O Galhardo depende do Coritiba, estamos aguardando uma posição. Assim teremos de 70 a 80% desse elenco para 2017, correndo tudo bem. O Azevedo existe uma proposta para fora que pode ocorrer, e o Rhayner temos que nos entender com o empresário dele também”.

Comentário: Abuda, Clayson e os zagueiros são controversos perante a torcida. O dirigente não acena com mudança e sim renovação de contrato. E sinaliza com a manutenção de boa parte do time e não sinaliza com contratações pelo menos que possam sacudir o panorama. Fica dificil ganhar a simpatia de quem paga ingresso ou o programa de Sócio Torcedor. (matéria e análise de Elias Aredes Junior)

 

A íntegra está neste endereço:

http://pontepreta.com.br/noticias-detalhe/balanco-bueno