Acompanho os clubes de Campinas desde 1980. Como profissional de imprensa, entre idas e vindas, desde 1994. Já presenciei craques e ídolos de todas as características: gênios, temperamentais, habilidosos, artilheiros, destemidos, raçudos ou apenas aventureiros. O futebol é um mosaico da própria vida.
Chama atenção quando encontramos jogadores que não são apenas atletas profissionais. São cidadãos. Lutam e se importam com aquilo que ocorre na sociedade. Que não fica omisso diante das lutas diárias: violência contra a mulher, machismo, homofobia, racismo e todo mal que aflige aqueles que habitam as metrópoles brasileiras.
Mário Lúcio Duarte Costa tem nome comum e postura diferenciada. Nas entrevistas, uma declaração costumeiramente fora do habitual; no gramado, o exercício da liderança. Debaixo das traves, um paredão. Peito estufado e personalidade forte pelos poros. Tudo traduzido em um apelido: Aranha.
Seu nome está na história da Ponte Preta. Suas defesas na semifinal contra o Guaratinguetá, em 2008, fizeram a diferença e estão eternizadas. Levaram o time a uma final de Paulistão após 27 anos de ausência.
Merecidamente, Aranha galgou vôos maiores. Atlético Mineiro, Palmeiras, Santos, Joinville e a volta para a casa, a Ponte Preta em 2017. Na saída, apesar do rebaixamento, Aranha teve o reconhecimento do torcedor pontepretano. Continuou como protagonista. Não há um veiculo de comunicação que não lembre de Aranha quando o futebol é associado a cidadania.
Hoje, Aranha vive seu principal desafio. Encontra-se internado em Pouso Alegre. Seu estado requer cuidados. Está com Covid-19. Mais uma vitima de um país sem política pública de saúde e que empilha corpos sob a complacência de autoridades que deveriam resolver a situação e não agravá-la. Aranha, assim, como eu, você e muitos outros brasileiros, todos nós deveríamos nos encontrar vacinados e livre deste flagelo.
Enquanto escrevo estas linhas, ele está assistido por profissionais de saúde de Pouso Alegre. Está em ótimas mãos. Do mesmo jeito que suas defesas produziram jubilo e satisfação para homens, mulheres, idosos e crianças pontepretanas, tenho convicção de que preces são dirigidas para que este vírus seja vencido e que a vida prevaleça.
Aranha, estamos com você!
(Elias Aredes Junior)