Uma reflexão sobre a Ponte Preta, renúncia de Abdalla e a valorização da ignorância e petulância em detrimento do bom jornalismo

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Na segunda-feira à noite  um print foi espalhado por todas as redes sociais a respeito de uma possível renuncia de José Armando Abdalla Junior. Como sou responsável, quase que interrompi minha participação no programa “Só Dérbi em Debate”, na Rádio Brasil e  entrei em contato com a assessoria de imprensa da Macaca  para saber se a noticia tinha procedência. É aquilo que deve ser feito por qualquer jornalista responsável, que estudou, batalhou e exerce a profissão.

Para assegurar se a noticia poderia ser procedente entrei em contato com um dirigente da Ponte Preta. Tanto Djota como o dirigente negaram. Disseram que era Fake News. No dia seguinte, Abdalla decidiu encaminhar sua renúncia.

Uma das autoras do print  colocou um comentário irônico com a tentativa de desqualificar o Só Dérbi e este jornalista. Ou seja de que não valorizei o seu post.

Fatos como esse revelam a degradação da Ponte Preta e do entorno.

Impressionante como em todos os setores (todos!), seja na relação com a  imprensa ou nos bastidores do Majestoso, no gramado e no banco de reservas o conhecimento e o preparo é desvalorizado.

Vale o “ouvir dizer”. Dezenas e centenas de companheiros que estudaram, batalharam e humildemente se submeteram ao crivo de professores e instituições de ensino devem ajoelhar-se perante gente que mesmo que tenha feito curso superior ou até mesmo um curso de jornalismo faz questão de avacalhar em nome do ego e de uma arrogância sem justificativa.

Prevalece a ignorância, a brutalidade e a violência. Violência que é exercida não apenas com as mãos, mas com gestos, palavras e posturas. Fico impressionado como os personagens do mundo do futebol aplaudem gente inculta, agressiva, ignorante.

Paixão e fanatismo não justificam que pessoas desvalorizem e depreciem o trabalho jornalístico, de gente que dia após dia luta para informar o leitor, ouvinte, telespectador e internauta. Naquela segunda-feira, Abdalla não tinha renunciado.

Boato? Boato não é noticia. Quem sentou em um banco de faculdade, estudou e se dedicou ao ofício sabe do que falo. Jornalismo é coisa séria. O jornalismo no Brasil é ruim, deficiente? Concordo. Mas a melhoria não virá com a falta de conhecimento.

Torcedores de futebol se acham no direito de ensinar como se escreve ou aborda-se uma noticia. Desculpe, não tem esse direito. Ou uma insólita pessoa pode modificar os cálculos do trabalho de um engenheiro?  Podem sim reclamar da qualidade do que é oferecido.

Se a Ponte Preta virou um mar de boatos, especulações e noticias infundadas boa parte disso é fruto de uma visão distorcida de uma (pequena!) parte da torcida pontepretana, que desvaloriza o conhecimento, o estudo e o esmero necessário na apuração de uma noticia e na formulação de artigos opinativos que fustiguem o debate da opinião pública.

Não adianta falar da boca para fora que o Brasil precisa de mais educação, pagar melhor os professores e contarmos com escolas equipadas. É preciso deixar a brutalidade, a ignorância, a petulância de lado e valorizar quem se esforçou não só para melhorar de vida, mas para viabilizar um país e um futebol melhor. E o jornalismo é um desses caminhos (Elias Aredes Junior)