Uma reflexão sobre violência nos estádios, torcida única e a lógica (errada!) de quem assiste futebol em sala com ar condicionado

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Os vídeos circulam pela internet. Uma emboscada de torcedores são- paulinos contra pontepretanos que voltavam do estádio Moisés Lucarelli após o triunfo diante do Corinthians por 2 a 1 serviu para destruir o castelo de cartas da torcida única.

Momentos de instante e pavor foram passados por gente que desejava alegria e acreditou no discurso do Ministério Público e da Secretaria de Segurança Pública de que a adoção de torcida única é a solução contra a violência no futebol. O plano falhou.

O evento em si é uma derrota fragorosa para as forças de segurança. O raciocínio é simples. Se existiu emboscada é porque ocorreu planejamento. Pessoas ficaram dias e mais dias em cima daquilo que pretendiam, ou seja, espalhar o terror e utilizar a violência como instrumento de exercício de rivalidade. Repito: é um raciocínio, uma dedução diante de tudo aquilo já visto neste tipo de ocorrência.

Tais torcedores combinaram e conversaram por telefone celular, aplicativo de mensagens e serviços de troca de conversas em redes sociais. É obvio que poderia ser monitorado e evitar a ocorrência.

O episódio revela que a  adoção da torcida única demonstra uma atitude equivocada por parte das autoridades. O combate a violência no futebol não ocorre apenas no espaço do estádio ou nos seus arredores. É algo que precisa ser feito de modo cotidiano, incessante e que precisa visar debelar os mal intencionados, que querem descontar seu ressentimento e raiva contra o rival a qualquer hora e dia.

E não há como instituir conceito de torcida única em todos os espaços da sociedade. Sem a adoção de medidas em várias frentes, inclusive de cunho educacional, será impossível pensar em avanços.

São Paulo e Palmeiras ainda vão desembarcar em Campinas neste Paulistão. Sem contar o derbi campineiro. Se não ocorrer uma mudança de postura e a inclusão de especialistas no assunto, tudo tende a piorar. Considerar que a instalação de “paz de cemitério” vai resolver tudo não leva a nada. Só traz contentamento a quem assiste o futebol do ar condicionado.

(Análise feita por Elias Aredes Junior)