Watson vai sair do Guarani. Conseguiu uma liminar na Justiça do Trabalho e provavelmente vai vestir a camisa do Criciúma na Série B do Brasileiro. Com tal atitude, o atleta de 21 ignorou a ordem do executivo de futebol Rodrigo Pastana, rápido em recusar a oferta do time catarinense. Não adiantou.
A atitude de Watson é contrastante com a postura de dirigentes, torcedores e cronistas esportivos que consideram as categorias de base a única saída para a revitalização financeira do clube. É impressionante como esses tais garotos consideram que o Guarani é apenas um rito de passagem e por vezes deve ser desprezado no seu currículo.
Poucos são como o centroavante Jonas, atualmente na Seleção Brasileira. Seja no Grêmio ou com a camisa do Benfica o atacante sempre faz questão de relembrar o seu começo no Estádio Brinco de Ouro e agradecer pela oportunidade.
Ídolo maior dos torcedores mais jovens e que compete com Jorge Mendonça e Careca no aspecto histórico, Amoroso tem apenas 44 jogos pelo Guarani e uma trajetória brilhante na Udinese, Borussia Dortmund ou no São Paulo. Pois em primeiro lugar está sua gratidão pelo Guarani que lhe abriu as portas e lhe concedeu o privilégio de ser o melhor jogador do Campeonato Brasileiro de 1994.
E na atualidade? Pois é. Independente da origem social ou territorial, os garotos revelados pelo Guarani consideram-se acima da instituição. Transmitem a sensação de que fazem um favor ao defenderem a camisa bugrina. Não, ninguém pede que faça juras de amor se estiver com a camisa de um outro clube que lhe paga as contas. O correto é tudo ser colocado no seu devido.
Exemplo? Já presenciei por diversas oportunidades em entrevistas coletivas repórteres perguntarem ao volante santista Léo Citadini o seu começo nas categorias de base do São Paulo. Qualquer pessoa minimamente informada sabe que seus primeiros chutes foram nos gramados do Brinco de Ouro e do Centro de Treinamento. Mais: tem cinco jogos pela equipe profissional na Série A-2 do Campeonato Paulista e pela Copa do Brasil. E Citadini abraça o silêncio.
O que dizer de Gabriel Boschilla, hoje com direitos vinculados ao Mõnaco? Quantos no mundo da bola sabem que sua formação foi no Guarani? Mais: qual a dedicação do jogador em esclarecer tal informação?
As posturas de Watson, Léo Citadini e Gabriel Boschillia mostram a necessidade do Guarani buscar o seu reerguimento financeiro como valorizar a sua história e trajetória. Homem nenhum é superior a qualquer clube centenário e tradicional. O Guarani não foge à regra.
(análise feita por Elias Aredes Junior)