Por que Sérgio Carnielli tomou chá de sumiço? indiferença com a Ponte Preta ou falta de coragem para encarar a opinião pública?

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Pegue o noticiário esportivo dos últimos meses. A Ponte Preta não sai da capa dos jornais e do noticiário, seja em âmbito nacional ou regional. Fatos não faltam: rebaixamento à segundona nacional, atraso de salários, atletas com demandas na Justiça contra o clube, campanha decepcionante no Paulistão e demissão em massa de funcionários. Em qualquer conjuntura, a melhor atitude é do gestor aparecer e justificar as medidas. Explicar por que foram necessárias. Neste quesito, o diretor de futebol Ronaldão e o presidente José Armando Abdalla não merecem um níquel de críticas. Deram explicações, demonstraram o rumo a ser seguido e não fugiram do debate da opinião pública.

É suficiente? Na Ponte Preta não. Fica a pergunta: e o presidente de honra? O que aconteceu para Sérgio Carnielli tomar chá de sumiço? As demissões não ficam sob sua responsabilidade. Está longe de ser o encarregado por ser o dono da caneta. Mas é o líder do grupo político. Nada acontece sem aprovação. Ou concordância. O que ocorre? Por que não dá explicações para a torcida sobre sua visão a respeito do atual momento vivido pela Ponte Preta? Temos duas hipóteses em evidência.

A primeira é que Carnielli pouco se importa com a Ponte Preta. Não está nem aí com o que acontece na agremiação. Se o time for bem, mal, subir ou permanecer, tanto faz. Só não quer que lhe peçam dinheiro. Tem urticária em pensar que poderá realocar recursos de algo que não lhe comove. Ostenta o cargo de presidente de honra, mas se o time retirar a distinção não fará falta. Espera o tempo passar para livrar-se do encargo. Quer que a torcida esqueça que um dia sua condução foi responsável por levar a Macaca a campanhas memoráveis. Em resumo: por essa hipótese Carnielli flerta com o desprezo. Reuniões? Encontros com os dirigentes? Tudo rotina. Carnielli não vê a hora de sair do barco.

Existe uma outra hipótese que não pode ser desprezada. A ausência de um ativo fundamental para qualquer dirigente que lida com futebol de alto nível: coragem. Que ninguém se iluda: a torcida da Ponte Preta, em sua maioria, não se conforma com as lambanças da diretoria e a volta à Série B. E coloca a responsabilidade sob Vanderlei Pereira e o presidente de honra. Enfrentar as arquibancadas requer boa dose de argumentação, ideias e proximidade com o torcedor. Tudo que Carnielli parece não possuir por enquanto.

Certamente muitos devem lhe aconselhar a fugir dos microfones. A evitar a sabatina dura da imprensa. Melhor ficar escondido.

Vejam que absurdo. O homem responsável por reerguer a Macaca, por tirá-la do atoleiro pode encontrar-se ou no desprezo e distanciamento ao clube de coração ou por pela ausência de bravura para encarar o debate da opinião pública. Convenhamos: é um triste fim.

(análise feita por Elias Aredes Junior)