Ronaldão está de volta na Ponte Preta. O zagueiro campeão do mundo com a Seleção Brasileira e com o São Paulo desembarca com a missão de ajudar na reconstrução da Macaca após a queda para a segundona nacional e o vice-campeonato paulista. Sua nomeação por parte de Sérgio Abadalla Junior é carregada de simbolismos e significados.
Para começo de conversa, um esclarecimento: a aquisição é ótima. Pode dar errado, mas é inegável o caráter, a trajetória limpa e inserção positiva de Ronaldão no mundo do futebol. Após anos e anos sem um especialista nos meandros do vestiário, a Macaca volta a apostar em um típico boleiro.
Com uma diferença: Ronaldão é preparado, estudado, militante em causas sociais – inclusive contra o racismo-e tem fome de vencer. É um grande passo. Sua ética é inquestionável. Basta dizer que na reta final da sua carreira como jogador de futebol foi o próprio Ronaldão que pediu ao então técnico Oswaldo Alvarez para colocá-lo no banco de reservas. Chegou a conclusão de que não tinha a força e a aptidão de antigamente. Humildade que faltou para alguns veteranos na reta final do Brasileirão. Exerceu rapidamente a função de gerente de futebol na própria Ponte Preta e agora tem a chance de apagar um erro de gestão, a nomeação de Zetti como treinador da Alvinegra e que saiu do time sem registrar uma única vitória.
A nomeação do Ronaldão, entretanto, é uma vitória pessoal do futuro vice-presidente Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho. A amizade entre os dois remonta do período que o futuro dirigente era vereador em Campinas. Participava de diversas causas sociais e políticas e de certa forma pavimentou a estrada para que o próprio Tiãozinho fosse ainda mais próximo do atual presidente de honra Sérgio Carnielli, que certamente avalizou e a autorizou sua nomeação.
A chegada de Ronaldão é uma declaração pública da Ponte Preta de que o gerente de futebol remunerado Gustavo Bueno fracassou no seu trabalho de administração de conflitos de vestiário e indicações de jogadores. Apesar de pegar o processo de montagem do elenco em andamento, não será surpresa que pegue o barco a unha e passe a interferir nas contratações.
Ronaldão evidencia a falta de criatividade do grupo político comandado por Sérgio Carnielli. Reafirmo a validade e acerto de sua contratação, mas também é verdade que excetuando-se Ocimar Bolicenho em 2012 e João Costa em 2008 ocorreu um rodizio de gente que já esteve no Majestoso:Cristiano Nunes, Wanderlei Paiva, Dicá, Gustavo Bueno, Ronaldão… Detalhe: um procedimento chancelado por boa parte da imprensa e da torcida, ainda reféns de um provincianismo tacanho, incapaz de abrir os olhos para novas tendências e formas de administração de futebol.
Se Ronaldão pode representar uma ilha de competência em um mar de mediocridade, é verdadeira a tese de que os dirigentes da Ponte Preta (leia-se Sérgio Carnielli) são turistas com passaporte carimbado em um único destino.
A busca da identidade e de seus próximos passos é outro simbolismo gerado pela nomeação de Ronaldão. Explico: o ex-jogador foi nomeado como dirigente estatutário, sem direito a salário, informação confirmada pela assessoria de imprensa do clube, que confirmou ainda a decisão de Abdalla é respaldada pelo estatuto, que obrigaria que o presidente e o vice-presidente eleitos sejam sócios e conselheiros.
A Macaca reconhece a necessidade de preparar-se aos novos tempos, em que haverá a necessidade de uma gestão 100% profissional.
De acordo com o clube, existe uma determinação da CBF e da Federação Paulista de Futebol de que diretor de Futebol, CEO e funções semelhantes passem a ser remunerados. No entanto, tal fato ainda está em debate com a Receita Federal.
Motivo: se o diretor é pago pode haver entendimento que o clube tem fins lucrativos. Consequência prática: o clube perde todas aquelas benesses a que tem direito em relação a isenção de impostos. Para seguir esta determinação da CBF existiria a necessidade de mudança no estatuto, ou seja, a permissão para que o diretor de futebol seja remunerado. Pela atual conjuntura, a Macaca entende que Ronaldão ficará como estatutário e sem remuneração por um longo tempo.
O fato é que a Alvinegra tomou uma decisão com consequências diretas e indiretas. Esperamos que todas sejam positivas. A torcida da Ponte Preta merece.
(análise de Elias Aredes Junior)
Ronaldão sem remuneração? Ah, tá, Elias. Pode não ter remuneração formal, mas certamente haverá informalmente. Você acha mesmo que será um trabalho voluntário?
Se o cargo demanda 24hs de dedicação, então quer dizer que Ronaldo vai pagar pra trabalhar???? Papai Noel já passou né gente….
Falemos a verdade, Ronaldo veio pra substituir o incompetente Gustavo Bueno, que aos poucos ficará sem espaço e pedirá pra sair, mas, pra não variar, ele apenas será mais um acólito do reizinho, como todos são.
Chega de ilusões enquanto este Sérgio Carnielli continuar arrendando a Ponte para seus próprios interesses, nada vai mudar.