Não queria estar na pele de Marcelo Cabo. Nenhuma vitória no comando do Guarani, nove gols sofridos e três convertidos. Jogadores em má fase técnica e atos de azar aos borbotões. Para a piorar o quadro, ele tem todo o direito de sentir-se cercado de inimigos.
Afinal, em um espaço de nove dias o seu nível de segurança no cargos desceu a níveis irrisórios.
Após perder do Paraná por 4 a 0, todos davam sua saída como inevitável. Foi quando o presidente Palmeron Mendes Filho surgiu na entrevista coletiva para ratificar a permanência do treinador. “Hoje foi um jogo para esquecer (após a goleada diante do Paraná). Não deu nada certo. Precisamos pontuar algumas coisas. A responsabilidade é toda do Conselho de Administração. Temos convicção de que mudamos a comissão técnica no momento certo.Os salários estão em dia e não há corpo mole em dia. Entramos juntos nesta situação. A comissão técnica está mantida e trará coisas boas até o final da Série B do Campeonato Brasileiro”, disse o presidente bugrino no dia 19 de setembro.
Ou seja, Marcelo Cabo saiu do massacre dos microfones com a garantia de que receberia tranquilidade para implantar a sua filosofia de trabalho e ficaria imune aos imprevistos.
Vem o jogo contra o Paysandu, Salomão é expulso de maneira infantil, Eliandro quase não pega na bola e o que Marcelo Cabo recebe em troca? A possibilidade de perda do emprego. Tanto que nesta quinta-feira, uma reunião do Conselho de Administração ratificou o “aviso prévio” virtual. “Foi uma conversa franca, com olho no olho. Ficou decidida, de forma unânime, a permanência da comissão técnica até o jogo de sábado, contra o Criciúma. Se o resultado não vier, ele (Marcelo Cabo) já sabe que o contrato será rescindido”, disse o presidente nesta quinta-feira, dia 28 de setembro, em entrevista ao portal Globo Esporte.com.
Duas declarações conflitantes em curto espaço de tempo provocam questionamentos: qual rumo da diretoria do Guarani? O que ela pretende? Que estilo de jogo ela deseja? Ofensivo ou defensivo? E o contrato de Marcelo Cabo até dezembro e os 50 pontos prometidos pelo dirigente? Estão arquivados? E esta instabilidade? Não vai atrapalhar o elenco nos preparativos antes do jogo contra o Criciúma?
É tanta confusão e homens sem ideias convictas dentro dos gabinetes do Brinco de Ouro que não é apenas o técnico Marcelo Cabo que tem motivos para encontrar-se inseguro. A torcida também.
(análise feita por Elias Aredes Junior)