Nos últimos anos, o Guarani teve um calcanhar de Aquiles: o programa de Sócio Torcedor. Diversos escritórios e assessorias foram contratados para alavancar um caminho que poderia gerar receita ao clube.
De imediato, uma estratégia foi definida para atrair a classe média e oferecer um desprezo olímpico ao torcedor pobre e remediado. Triste, decepcionante, sem nexo. Esta é a verdade.
Se pensarmos de modo correto, o Guarani talvez nem devesse abraçar o programa de Sócio Torcedor. Vivemos em uma cidade com 1,1 milhão de habitantes e com tremendas carências sociais. O futebol é o caminho de entretenimento dos pobres.
O Alviverde campineiro tenta implantar um programa de fidelidade quando não há contrapartida. Como assim? Simples: como vender a validade de investir em um time cujo rendimento esportivo nos últimos anos é decepcionante?
Como convencer o bugrino de classe média a incentivar a partir do bolso se ele verifica todos os dias desmandos e medidas inconsequentes e erradas nos bastidores? Pois é.
Caminho mais lógico seria praticar uma política de ingressos mais popular, fidelizar o torcedor e quando acontecesse os acessos para as divisões principais do Paulistão e do Brasileirão, que o programa de Sócio Torcedor fosse instalado, desde que ocorresse a reserva de bilhetes avulsos em todos os jogos para torcedores de classes sociais mais pobres. Admito: é pedir pensamento tão rebuscado por parte dos dirigentes bugrinos.
Interessante é verificar que a própria diretoria trata de matar aos poucos o programa de Sócio Torcedor. Como? Simples: ao anunciar uma promoção de ingresso ao preço de R$ 20 a inteira e R$ 10 a meia entrada, o pensamento do torcedor da classe média é imediato: “para que investir em uma equipe ruim tecnicamente e com estrutura tão parca se eles oferecem estas promoções? Pago R$ 20 e não tenho dor de cabeça”.
Alguns dirigentes bugrinos propagaram por anos e anos que o seu time tinha a maior torcida de Campinas. Quem tem em tese a maior torcida deveria nutrir sentimento de acolher a tudo e todos. Hoje, apesar do programa de Sócio Torcedor até com dependente, o que faz a diretoria bugrina é um jogo de tentativa e erro em que não agrada quem está sem dinheiro e quem pode pagar o programa de Sócio Torcedor. Resultado: vai ficar sem nenhum.
(análise feita por Elias Aredes Junior)