Os dirigentes do futebol de Campinas vivem em uma realidade paralela. Tentam por vezes vender um mundo que não existe ou até revelam as agruras vividas por seus clubes, mas sem apresentar perspectivas e saídas.
Faça um exercício de sinceridade. Dá para cravar que realmente o futebol campineiro encontra-se no pelotão de elite da Série B? Dá para apostar que, mesmo se Ponte Preta e Guarani conseguirem as suas manutenções, tudo será diferença no ano que vem? Não, não há como acreditar em nada disso. E o motivo de tal ceticismo pode ser desnudado pela classificação da Série C?
Não vou falar dos atuais cinco primeiros colocados, que são Cruzeiro, Bahia, Vasco, Sport e Gremio. Eles contam com bons orçamentos, tem camisas fortes e entraram na competição com objetivo de chegar as primeiras posições da segundona nacional.
Agora, veja o Operário. Será que o Operário de certa forma não ocupa o lugar que era historicamente de Ponte Preta e Guarani, que aliás no ano passado terminou na sexta posição? E o Novorizontino? Caiu na Série A-1 do Paulista assim como a Ponte Preta e demonstra um trabalho até o momento mais sólido e coerente que a Macaca? Por que o Novorizontino consegue se reerguer das cinzas e faz um campeonato de qualidade? O que então do oitavo colocado o Brusque, com 13 pontos e que, bem ou mal, já teve momentos de brilho na competição. A Ponte Preta venceu. É verdade. Mas ao abordar o panorama geral, tanto Macaca como o bugre ficam em situação adversário.
E veja só. Operário, Novorizontino e Brusque fazem campanhas melhores que a dupla campineira sem um potencial econômica ao seu dispor. Operário está sediado em Ponta Grossa, cidade com 358.838 habitantes, de acordo com dados do IBGE. Já Novo Horizonte está com 41.414 habitantes. E Brusque, sediado, em Santa Catarina, tem 137.689. Se somarmos as populações das três cidades teremos 537.941. Isso não chega nem a metade da estimativa da população de Campinas, que tem 1 213 792 habitantes. Junte ao fato de Campinas ser um pólo industrial e de tecnologia e ser um importante ponto de logistica. O Aeroporto de Viracopos por si só explica tudo. Uma cidade proprietária do segundo lugar em PIB PerCapita. Só é derrotado pela capital.
Ou seja, a cidade tem potencial econômico, estrutura, dinheiro e capacidade para abrigar grandes projetos. E os dois times de uma cidade com tamanho protagonismo só conseguem campanhas mediocres, orçamentos restritivos e contratam jogadores de capacidade técnica duvidosa.
Como não responsabilizar responsabilizar os dirigentes por esse show de incompetência? Como deixar de reconhecer que os problemas começam nos gabinetes e não nos gramados?
Você, torcedor bugrino, você torcedor pontepretano, reclama com razão da qualidade daqueles que vestem o calção e calçam as chuteiras de camisas centenárias e históricas. No fundo, o problema começa com quem veste terno e gravata. E como não há perspectiva de renovação, o problema está longe de ser solucionado. Infelizmente.