Especial: Emerson revela bastidores do dérbi de 2012 e valoriza passagem pelo Bugre

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Se você perguntar ao torcedor bugrino qual é o goleiro mais marcante desta década, um dos nomes mais lembrados será o de Emerson. Com 137 partidas oficiais pelo clube, o ex-camisa 1 ficou marcado na história do clube entre 2010 e 2013, período em que participou de cinco dérbis – uma vitória, um empate e três derrotas.

Na época, o jogador vinha de passagem pelo União São João e brigou por posição com Douglas, presente no acesso de 2009, e Juliano. Emerson foi peça chave do vice-campeonato paulista de 2012 e atuou nos três primeiros jogos durante a campanha do rebaixamento à Série A2 no ano seguinte.

Atualmente no Joinville, na terceira divisão nacional, o atleta de 35 anos, em entrevista exclusiva ao Só Dérbi, relembrou da histórica rivalidade entre os times de Campinas e ressaltou que a passagem pelo Bugre mudou o rumo de sua carreira.

Qual a importância de ter disputado o dérbi de Campinas na sua carreira?

“Foi muito importante. Como sou de São Paulo, sei muito bem como é a rivalidade no dérbi campineiro. Mexe muito com as emoções, não só na cidade mas como em todo o estado. É um dérbi de dois times de grande tradição, com duas torcidas apaixonadas. Quando tive a oportunidade de participar, fiquei muito feliz. Eu sonhei em jogar este clássico e consegui realizar esse sonho”.

O sucesso com a camisa do Guarani representou nova época em sua vida profissional?

“Representou muito. Até então, tinha passado por alguns clubes, mas nenhum com a tradição do Guarani. Trata-se de um time respeitado nacionalmente, é um clube de tradição, uma camisa de peso, o único campeão brasileiro do interior. Para mim, foi uma honra defender essa camisa e mudou muito a minha carreira profissional”.

Como era o clima no clube nos dias anteriores ao clássico da semifinal de 2012?

“O clima era dos melhores. Nós vínhamos fazendo um campeonato muito bom, o grupo era excelente e nos fechamos. Nós já entrávamos dentro de campo sabendo o que íamos fazer. Tínhamos um comandante muito bom que era o Vadão. Ele conhecia muito bem esses clássicos e isso facilitou muito para nós”.

O que você acha que foi preponderante para conseguir virar na ocasião um jogo que parecia perdido, especialmente com a saída de Fumagalli?

“É interessante que, neste jogo, muitas pessoas temiam por ser um dérbi. Mas a comissão queria essa partida pelo fato de nós já conhecermos o rival e poder ter alguma vantagem. Foi fundamental a concentração de todos, em especial o Medina que entrou no lugar do Fumagalli, o craque do nosso time, a referência. Foi acionado no primeiro tempo, estava preparado, com a cabeça boa, e o grupo fez com que ele se sentisse bem em campo. No intervalo da partida, quando estávamos perdendo, o Fabinho reuniu todos os jogadores e falou ‘quem acredita na virada, sobe, quem não acredita fica aqui que nós jogamos com jogadores a menos’ e foi um atrás do outro com esse pensamento. Nós viramos o jogo e chegamos à final contra o Santos”.

Como foi pra você ser um dos líderes daquele plantel?

“Nós fizemos um trabalho muito bom, tínhamos um psicólogo que nos reuniu, conversou um pouco sobre a liderança, viu o perfil de cada um, o ponto forte, o ponto fraco e as responsabilidades que cada líder teria no grupo. Fico muito feliz por fazer parte daquele time e, principalmente, por ser um dos líderes de um clube como o Guarani”.

Qual o seu sentimento em relação ao Guarani após sua passagem pelo clube?

“Meu sentimento é, hoje, poder ver o Guarani retomando as rédeas que, infelizmente, neste ano de 2012 a diretoria dificultou um pouco. Tenho respeito pelo clube, pela torcida apaixonada, fiquei dois anos e meio ali e tenho um carinho enorme. Independente de onde eu estiver, sempre estarei na torcida”.

Você agora está no Joinville e já atuou em outros centros. Queria que você analisasse o grau de rivalidade do dérbi com outros clássicos importantes que você disputou.

Eu atuei recentemente no Paysandu contra o Remo e confesso que é um dérbi de suma importância que marcou a minha vida. Com a experiência que eu tinha de disputar o clássico campineiro, tratei com naturalidade e foi muito bom. Para mim, os mais importantes são esses dois que mexem com o estado: o de Belém e o de Campinas. É muito gratificante poder participar dessas partidas”.

O dérbi de 2012 é o jogo mais importante da sua carreira?

Eu posso dizer que sim, pelo fato de ter sido um jogo de detalhe, por estarmos disputando a semifinal do melhor campeonato estadual do país. Já havíamos tirado o Palmeiras, estávamos diante de nosso maior rival e precisávamos ganhar. Saímos perdendo e houve toda essa superação e maturidade para chegarmos à virada. Se não foi o maior, está próximo de ser um dos maiores jogos da minha carreira.

(texto e reportagem: Eduardo Martins e Lucas Rossafa)