Grandes jogos são fabricados por trabalhos de excelência. Quando isso voltará ao futebol campineiro?

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O futebol brasileiro teve uma ópera no Maracanã. Fluminense 5 x 3 Atlético Mineiro. Um deleite aos amantes do futebol. Uma prova de que é possível produzir espetáculos de altissimo nivel em gramados brasileiros. De um lado, o milionário Galo Mineiro comandado por Hulk; do outro um Fluminense ainda capaz de revelar jogadores de talento e estirpe para o futebol brasileiro.

Os 90 minutos do Maracanã tiveram tudo aquilo que a gente deseja: gols, momentos eletrizantes, craques com capacidade de decisão, torcidas inflamadas e arbitragem que não atrapalhou o andamento do jogo. Ao lado da decisão da Supercopa do Brasil, entre Flamengo e Atlético Mineiro, certamente este foi o principal jogo do futebol brasileiro nesta temporada.

O jogo foi tão especial que fiz que vai contra meus princípios: assisti a reprise na madrugada. O que é bom sempre queremos mais. Em dado momento, ao assistir ao confronto, uma dúvida surgiu na mente: qual foi a última vez em que o futebol campineiro fez parte de um embate capaz de atrair a atenção de todo um país? Quando foi notícia em telejornais, portais de internet e veiculos de comunicação tradicionais? Não falo apenas das conquistas. Digo sobre jogos em que Ponte Preta e Guarani fizeram a diferença. Quando?

Posso ser traído pela memória. Normal. Mas ó lembro de dois jogos. Na Macaca, é impossivel esquecer a vitória sobre o Palmeiras por 3 a 0 na semifinal do Paulistão de 2017. Não foi apenas um passo decisivo para chegar a decisão. Foi uma partida espetacular da Macaca. Competitiva, determinada, a Alvinegra amassou o Verdão no Majestoso.

Em relação ao Guarani, a escolha fica fácil. A vitória por 6 a 0 sobre o ABC, pela semifinal da Série C de 2016 foi manchete em todos os noticiários. Fumagalli certamente fez uma das melhores apresentações de sua carreira. Se não foi a melhor.

Após estes jogos, Ponte Preta e Guarani nunca mais entraram em campo para acalentar a afetividade de seus torcedores.

Após seis anos, uma partida com a presença de Guarani ou Ponte Preta é sinal de tédio, limitação técnica e combustível para instantes de raiva e frustração. Por que estamos presos nesta roda da mediocridade?

Qualquer partida inesquecível não é o início e sim o final de um processo inaugurado a partir dos bastidores de cada clube. É um circulo virtuoso que gera frutos. Funciona assim: o clube tem dirigentes competentes e estes contratam profissionais qualificados para o Departamento de Futebol. Posteriormente, estas pessoas receber poder para trazer bons treinadores e jogadores qualificados que depois entram em campo em busca de vitórias. Esses mesmos dirigentes, estatutários ou remunerados, planejam o futuro e constroem uma estrutura que se sustenta em médio e longo prazo.

Pergunta: quando isto esteve presente por tempo maior no futebol campineiro? Somos figurantes de luxo na atualidade. Fato. E por motivos distintos e igualmente negativos. O Guarani está preso pela negação da realidade de seus dirigentes enquanto que na Ponte Preta a guerra política contínua e fraticida é acompanhada da relutância em relação a atualização da nova ordem do futebol brasileiro.

Desigualdade de renda, falta de vontade dos veículos de comunicação, busca por inimigos externos inexistentes…Nada pode apagar o fato de que os dirigentes do futebol campineiro estão atrasados em suas concepções e isso produz times ruins ou medianos e campanhas insossas e decepcionantes.

Deixar de protagonizar grandes jogos é a cereja estragada deste bolo servido pelo futebol campineiro e cujo os ingredientes são vaidade, incompetência, arrogância e ausência de autocritica. A bola não entra por acaso.

(Elias Aredes Junior)