Ponte Preta vira palco para celebrar aniversário de político. Pode isso, Arnaldo? Não, não pode!

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No Brasil, um clube de futebol tem a função de montar boas equipes, mobilizar seus torcedores e encontrar maneiras de sustentar o elo de ligação que alicerça a paixão. Os clubes são unidades de congraçamento e oportunidade para fazer amigos.

Na Ponte Preta, a Unidade Paineiras e do Jardim Eulina tinham tal propósito. Tudo acabou. Com o passar dos anos, os eventos rarearam e os espaços estão virtualmente fechados aos sócios. Não aos políticos. Pelo menos essa é a conclusão que tiramos ao verificar que, nesta próxima sexta-feira, a Unidade Paineiras abrigará a festa de aniversário do deputado Federal Orlando Silva, do PC do B, e a celebração das posses de Gustavo Petta e Carlinhos Camelô.

Convenhamos: uma tática para fazer campanha. Pela legislação, ninguém pode pedir votos abertamente agora. Mas como o horário eleitoral será curtíssimo (45 dias) os candidatos tentam encontrar maneiras de encurtar a distância ao eleitor.

Se esse não for o motivo, o que justifica colocar 300 ou 400 pessoas em um local? Aniversários são momentos para celebração com parentes e amigos próximos. E ninguém tem três ou quatro centenas de amigos. Jesus Cristo tinha 12. E um lhe traiu.

Lamentável utilizar um clube de cunho comunitário para fazer político. Triste verificar que o presidente de honra, Sérgio Carnielli, e o vice-presidente Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho, filiado ao PC do B, esqueceram de uma premissa básica: o clube não tem dono. A prioridade deveria ser ao associado. Sempre.

Alguns podem colocar o argumento de que o espaço será pago. Ou seja, vão entrar dinheiro para os cofres do clube. Pois eu digo: não justifica. E por um aspecto: se o atual grupo político enche o peito para falar sobre a excelência de sua administração financeira, logo será dispensável alugar um espaço que no fundo pertence a comunidade pontepretana.

E existe um outro motivo e este quero ter calma para dissertar. Uma coisa é quando um clube adota um posicionamento político de combate a um problema reinante na sociedade. Exemplo: racismo, homofobia, machismo, elitização nos estádios, desigualdade de renda. Quando tal postura acontece, temos que admitir. O clube e seus dirigentes utilizam a força mobilizadora do futebol para modificar a sociedade. Palmas. De pé.

Quando a decisão é abrir o seu espaço físico para atos políticos ou eventos seja de qual partido for, a postura é sem nexo. É aderir para um lado. Não deveria ser feito. Seja de direita, esquerda ou qualquer outra orientação ideológica.

Não tenho que esconder: já trabalhei no então mandato do vereador Tiãozinho, de janeiro de 2001 a outubro de 2002. Naquela ocasião, o lançamento de sua campanha para deputado estadual foi realizada na unidade Paineiras. Exatamente no ginásio.

A gente envelhece, lê e aprende que o futebol vai muito além das quatro linhas. E que ninguém, absolutamente ninguém, tem o direito de utilizar em benefício próprio ou para proveito de outro um patrimônio construído pelas mãos de centenas e milhares de pessoas, como o caso da Ponte Preta. Eu aprendi. Parece que muita gente não captou a mensagem. Lamentável.

(análise feita por Elias Aredes Junior)