Ronaldão assumiu o comando do futebol de Ponte Preta e fez mudanças. Tem o respaldo do presidente José Armando Abdalla Júnior. Quer implantar uma nova filosofia, uma nova maneira de administrar a Ponte Preta. Boa notícia. A mesmice cauterizou a Macaca e a impediu de percorrer novos degraus.
Sem querer encontrar culpados e vilões, a verdade é que só em três períodos o time alvinegro esteve desconectado de sua visão de futebol formulada a partir de 1997.
A primeira foi em 2008, quando João Costa montou o time vice-campeão paulista. Três anos depois, Márcio Della Volpe juntamente com Niquinho Martins formularam um time barato e voluntarioso. Sob comando do então desconhecido Gilson Kleina, chegou à divisão principal do futebol nacional. No ano seguinte, o divórcio ficou latente com o desembarque no Majestoso de Ocimar Bolicenho e do ex-volante Marcus Vinícius.
Excetuando-se estes anos, por mais que Sérgio Carnielli negue de pés juntos, o DNA do ex-vice-presidente de futebol, Marco Antonio Eberlim, ainda encontra-se nas alamedas do Moisés Lucarelli e até na sua maneira de ver o futebol.
Carnielli, queira ou não, os passos iniciais de vários profissionais hoje alojados na Macaca foram dados sob a supervisão de Eberlim: o gerente de futebol, Gustavo Bueno, o responsável pelas categorias de base, Claudio Henrique Albuquerque, o auxiliar técnico João Brigatti e o recentemente desligado preparador de goleiros André Dias e até o próprio Ronaldão. Vadão e Marco Aurélio Moreira, por exemplo,tiveram suas primeiras oportunidades sob a batuto do polêmico dirigente.
Se ninguém falou, digo: é preciso virar a página, buscar novos caminhos, formar novas pessoas, viabilizar uma nova metodologia de trabalho. Abraçar o que diz e pretende o futebol moderno. A impressão transmitida é que o presidente de honra parece querer provar há 11 anos que não depende do ex-aliado para tocar o futebol. No final, trocou os pés pelas mãos.
Tais profissionais viveram experiências, incrementaram seu conhecimento e alçaram novos voôs. Ficaram melhores em relação ao tempo que quando iniciaram sua trajetória. Retornaram à Ponte Preta e atuam de modo incessante.
Tal descrição é insuficiente para explicar o básico: nos últimos 20 anos, sem contar estas três fases descritas acima, Carnielli e seus aliados não exibiram nada de novo em termos de gestão de futebol e de nomes para comandar a Macaca.
Repetição de nomes e modelos gera falta de reciclagem e o resultado foi a colheita de três rebaixamentos (2006, 2013 e 2017) em 11 anos e a perda de relevância em relação a alguns concorrentes de mercado. Ou dá para ignorar o que fizeram Chapecoense e o que faz costumeiramente o Atlético-PR?
Marco Eberlim deu sua cota de colaboração. Colheu resultados. Se Sérgio Carnielli tem diferenças com ele ou quer tirá-lo do clube seria de bom grado separar as coisas e demonstrar independência de pensamento.
Ou seja, raciocinar e pensar em novos nomes, maneiras modernas de gestão e incutir, de uma vez por todas, que o futebol é dinâmico, moderno, muda a cada instante e aquilo que valia em 1997 ou 1998 dificilmente transforma-se em referência em 2018.
Sem novos homens e novas ideias, é impossível pensar em resultados capazes de entrar para a história. É hora de arejar a cabeça e buscar novos caminhos. A bola está com você Abdalla. Toque para Carnielli. Quem sabe ele ajude a marcar um gol de placa.
(análise de Elias Aredes Junior)