Verdade esquecida no Guarani: técnicos e jogadores faturam jogos. Diretoria ganha campeonato

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O técnico Umberto Louzer declarou ao final do jogo contra o Goiás que a meta da diretoria do Guarani é assegurar os 45 pontos e só depois sonhar com a chegada ao acesso. Se tivesse vencido o adversário esmeraldino no Brinco de Ouro, tal declaração jamais teria sido feita. Fato.

Pelo nível técnico baixíssimo do campeonato não daria para descartar a busca pelo acesso. Compreendo a apreensão dos torcedores. Só que existe uma frase reinante no mundo da bola capaz de traduzir o atual instante: “Técnico e jogadores ganham jogos. Diretoria ganha campeonato”.

Sejamos sinceros: o que fez a atual diretoria para levar o Guarani às primeiras posições da Série B? Qual foi a tacada certeira que deu respaldo aos atletas e integrantes da comissão técnica? Pense. Mas sente e espere.

Você, defensor de primeira hora do Conselho de Administração, poderá colocar na mesa o argumento de que o Alviverde campineiro é o atual campeão da Série A2. Pois eu digo que foi a exceção que confirma a regra.

Qualquer bugrino minimamente informado sabe que na efetivação Louzer ocorreu o aviso de que precisaria emplacar nos cinco primeiros jogos. Caso contrário, estaria fora. Como Umberto Louzer é um cara reto, decente, honesto e estudioso, uma onda de solidariedade formou-se em torno dele para que o trabalho desse certo.

Desde atletas experientes como Baraka e Fumagalli até a funcionária da cozinha. Mérito da diretoria? Zero, zero, zero.

Agora é um campeonato de tiro longo. Uma maratona. Em 38 jogos é preciso ficar entre os quatro primeiros colocados. É fácil criticar o treinador bugrino. Dizer que ele comete erros na escalação e substituição. Tudo verdade.

Prefiro inverter esta lógica.

Dos atuais quatro primeiros colocados três (Fortaleza, Goias e Avaí) possuem estrutura superior ao Guarani. Também é verdade que desses quatro, três tem técnicos mais experientes que Louzer. Só que Rogério Ceni é novato assim como Umberto Louzer.

Ao comparar com Geninho, Ney Franco e Marcelo Cabo, não há duvida. Mas antes de acertar seu contrato, Ceni exigiu melhorias na estrutura do clube. Queria equipamentos de ponta para proporcionar força física e velocidade. Ou seja, possíveis erros cometidos por Ceni no seu noviciado são compensados por uma retaguarda formada.

Pergunto: o que Palmeron Mendes Filho e os integrantes do Conselho de Administração fizeram para melhorar a estrutura? Esqueça, não vou aceitar medidas paliativas. Quero cenários novos. Exemplo: que equipamentos o Guarani tem para detectar o estado físico de determinado atleta? Como saber se eles vão estourar a condição física? Que condições de trabalho oferecem ao departamento médico? Pois é.

Umberto Louzer falha, erra e comete equívocos. Só que é injusto colocá-lo na Cruz sozinho e esquecer o básico: o Guarani é um clube há tempos sem dirigentes estatutários focados na melhoria de suas instalações e que entendem de futebol.

Hoje temos o seguinte cenário: a torcida do Guarani é um cliente de restaurante que por muito tempo degustou comida francesa de altíssima qualidade. Melhorou de vida nos últimos anos e entra agora no estabelecimento comercial e pede e exige um prato como  Magret de canard, formado peito de pato frito, servido com salada e batatas (às vezes purê).

Não percebeu que ele está em restaurante típico de classe média e o máximo que podem lhe servir é um prato feito com bife de contra filé ou um Churrasco de Pescador. O cozinheiro (ou técnico) até poderia cumprir o desejo da clientela, mas o dono do restaurante não tem como prioridade melhorar as instalações. Está na hora de cair na real.

(análise feita por Elias Aredes Junior)