25 de março, dia Nacional do Orgulho Gay. Futebol Brasileiro abraça a causa. O que fazem Ponte Preta e Guarani? Adotam o silêncio!

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Os quatro gigantes do Rio de Janeiro, o quarteto de São Paulo, o Cruzeiro, a dupla Grenal, Paysandu e outras agremiações do Brasil utilizaram suas redes sociais para celebrar o Dia Nacional do Orgulho Gay, uma data feita  para fortalecer a luta da comunidade LGBTQ+ . Justo. Correto. Quanto aos clubes de Campinas, este jornalista não detectou nenhuma publicação até o fechamento da matéria.

Diga-se que a Ponte Preta publicou no ano passado, no mês de junho, publicações referentes ao Mês do Orgulho Gay, cuja data ápice é o dia 28 de junho de 1969, quando aconteceu a Rebelião de Stonewall, nos Estados Unidos.

Stonewall Inn é o nome de um bar em Nova York (o bar ainda existe), que na década de 60 era muito popular entre a comunidade LGBT. Considero, porém, que luta contra o preconceito não tem data marcada. Tem que ser feita todos os dias. Sem cessar. Creio piamente que as duas diretorias tem consciência da pauta. Mas é preciso sair da teoria e ir para a prática.

Não sejamos hipócritas. Os clubes campineiros tem duplo obstáculo para entrar na luta. O primeiro é que pela própria formulação do ambiente do futebol. Uma modalidade que odeia o homossexual, coloca a mulher em papel subalterno e vê o negro apenas como um executor de tarefa no gramado, jamais preparado para exercer outras funções.

Resistência reforçada pelo estereótipo de Campinas, que é a de abrigar um grande contingente de homossexuais. Três hipóteses são aventadas para a fama.

A primeira hipótese teria como protagonista Carlito Maia, que estudou medicina no Rio de Janeiro e frequentava bailes carnavalescos na década de 50. Sua  projeção nacional ocorreu com a a publicação de uma foto na revista “O Cruzeiro”, em aparecia beijando um homem.

A segunda hipótese é ligada ao processo de urbanização de Campinas, em que o município era dividido entre o bairro dos barões nobres e a dos imigrantes italianos. Os italianos, por sua vez, se referiam de maneira depreciativa aos barões do café. Motivo: estas figuras imitavam os padrões franceses da Belle Époque e que na visão dos italianos, era algo afeminado.

Por fim, o fato da Escola de Cadetes ter rosa nas suas instalações, o que atendia a regras da época, é outra alternativa para a criação da fama sobre Campinas.. Seja qual for a hipótese, eu digo: uma bobagem gigantesca. Cortina de fumaça para justificar ações preconceituosas.

Integrantes da comunidade LGBTQ+ são cidadãos . Merecem respeito, cidadania e dignidade. Consomem. Torcem para Guarani e Ponte Preta. Vibram com cada gol.

Querem se integrar ao futebol e muitas vezes são desprezados. São vitimas de atos violentos. Seria dever de cada clube campineiro, em cada data de luta e celebração fazer uma reverência e encontrar-se integrado a luta.

Clubes de futebol não foram feitos apenas para lazer. São participantes da sociedade. Devem utilizar sua voz para denunciar atrocidades, como o assassinato de 329 homossexuais no Brasil em 2019. São cidadãos. Pessoas que merecem cidadania e que tenham aliados para vencer o principal jogo da vida deles, que é contra o preconceito.

O futebol não pode ficar omisso. Alguns clubes já entenderam. Que Ponte Preta e Guarani não desperdicem mais oportunidades, Vitória não é apenas no gramado. Cidadania não pode ser ignorada. Isso sim é um gol de placar.

(Elias Aredes Junior)