Kleina e Gustavo Bueno dão bronca nos alunos da escola Ponte Preta.Correto. Mas onde estão os diretores do colégio?

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Durante dois anos  (1986-1987) estudei na escola estadual Francisco Glicério, no centro de Campinas. Local com metodologias modernas de ensino e com conteúdo impecável. Cheio de crianças e adolescentes, os atos de indisciplina eram normais.

Quando a coisa saia fora do controle do professor, a inspetora de alunos Limeire era acionada. Bronca dada e se nada evoluísse, o diretor do colégio entrava firme para punir responsáveis e traçar diretrizes. A calma voltava ao lugar. Por bem ou mal.

O que uma história da infância tem relação com o futebol? Em relação a Ponte Preta, tudo. Elogie-se a disposição e a atitude de Gustavo Bueno e do técnico Gilson Kleina de realizarem uma reunião a portas fechadas com o elenco e cobrarem uma nova postura para a sequência do Brasileirão. Mas por incrível que pareça, o acerto deles encobriu um erro: a omissão da diretoria executiva.

Nas entrevistas coletivas e nas atividades do dia a dia, tanto o treinador como o gerente de futebol já cansaram de enviar mensagens sobre as dificuldades de conduzir o trabalho.

No domingo, após a derrota para o Atlético Mineiro, o técnico Gilson Kleina deu um passo a frente e exibiu insatisfação em relação ao comportamento de alguns jogadores. Traduzindo: o professor da sala de aula gritou de que os alunos estavam com péssimo comportamento e pedia ajuda. Ora, qual seria a atitude normal? Vanderlei Pereira, Sérgio Carnielli, Hélio Kazuo, Giovanni Di Marzio…Qualquer um deles tomar a iniciativa de conduzir a reunião dentro do vestiário.

Seria um gesto para mostrar que não só os funcionários contratados estavam insatisfeitos com a conduta dos jogadores. O desagrado era da instituição e cujo os representantes são os componentes da diretoria executiva. Eleitos pelo voto dos associados, diga-se de passagem.

Ou seja, faltou o diretor do colégio entrar na sala de aula, mandar todo mundo se comportar e automaticamente preservar a autoridade tanto do professor como do inspetor de alunos, que já não sabe mais o que fazer para botar ordem na quizumba.

Como a Ponte Preta tem veteranos como Wendel, Renato Cajá, Fernando Bob, Aranha e até Léo Gamalho, a chance de controle e administração do grupo após a bronca é bem elevada.

Convenhamos: nem Kleina ou Gustavo Bueno deveriam passar por isso. O primeiro porque precisa focar no seu trabalho e o segundo porque pode até ser cobrado por contratações equivocadas mas a sua tarefa não é ser queimado e incinerado em praça público enquanto os “diretores da escola” são preservados da fúria dos pais de alunos, no caso os torcedores.

O que espera-se é que em dezembro não ocorra a necessidade de realizar prova de recuperação ou tomar uma inesperada reprovação. Seria uma comprovação cabal que os diretores da escola chamada Ponte Preta tem um sério problema de metodologia. E ainda não se deram conta disso. Pode passar? Até pode. Mas quem garante que as provas fáceis até o final do ano? Pois é.

(análise feita por Elias Aredes Junior)