Ponte Preta: a panela de pressão vai explodir?

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Quatro pontos somados como visitante diante de São Bento e Ituano concederam um fôlego para o técnico Eduardo Baptista implantar o seu método de trabalhar e continuar a sua aposta nos garotos e em jogadores determinados a vencerem na selva do futebol. Dúvida é saber como reagirá torcedores e conselheiros em relação aos dirigentes envolvidos em uma avalanche de críticas e decepções.

Você anda na rua e muitos torcedores pontepretanos só sabem dizer que a Ponte Preta está quebrada financeiramente.

Os dirigentes, assim como náufragos apoiados em uma boia murcha, enumeram diversos argumentos para justificar o rombo de R$ 10 milhões. Não conseguem.

Sérgio Carnielli está na berlinda, assim como Vanderlei Pereira e o diretor financeiro Gustavo Valio. Por mais que tenham boas intenções, não conseguem exterminar a sensação amarga na boca do torcedor da Macaca, que teme até o futuro.

Traduzindo: acesso na Série B. Interessante é checarmos a história e verificarmos por que os apelos dos dirigentes não fazem eco neste instante dramático.

Uma conjuntura que contrasta com dois momentos da história recente da Alvinegra. Em 2003, o time encontrava-se em quadro financeiro dramático. Salários atrasados e jogadores na Justiça eram rotina. Pois na época, o diretor de futebol, Marco Antonio Eberlim e o médico Danilo Villagelim pediram uma trégua.

Um pacto para sair do rebaixamento. Deu certo. Tanto que no jogo decisivo diante do Fortaleza o publico registrado foi de 18.279 pagantes.

Após 10 anos, novo drama. O time caiu de divisão, mas ainda mantinha esperanças de chegar à final da Copa Sul-Americana. A decisão no Pacaembu teve quase 30 mil pagantes. Fruto não só da bola, mas também do apelo de quem comandava o clube.

Sei que o grupo político atualmente no comando da Macaca tem urticária dos dois nomes citados. Tanto que estão sob julgamento no Conselho Deliberativo até hoje.

Um aspecto ninguém pode negar: na época das duas crises, em 2003 e 2013, tanto Marco Antonio Eberlim quanto Márcio Della Volpe detinham um ativo precioso no futebol: credibilidade. Ou seja, eles falavam e as arquibancadas acreditavam.

E hoje? Como acreditar e dar voto de confiança em uma diretoria que durante três anos jurou de pés juntos que as contas estavam em dia e de repente tudo desaba? De que maneira dar um voto de confiança para quem no ano passado negou perante a imprensa de que Rodrigo não interessava e um dia depois o zagueiro era apresentado? Vou além: como depositar confiança de que novos tempos virão um pilar da democracia, que é a concessão de voz a oposição precisa ser viabilizada a fórceps?

Até concordo que Abdalla, Tiãozinho e Tagino não podem ser responsabilizados pelo caos instalado pelo rebaixamento e a gestão financeira. Ok. Mas se eles continuarem com uma postura apática e sem diferenciar claramente o que eles pretendem daquilo que foi feito no passado, muitos poderão chegar a conclusão de que a esperança é um ativo em falta no Majestoso. Uma pena.

(análise feita por Elias Aredes Junior)