Anthony Bourdain era famoso. Reconhecido por seus programas de culinária. Tinha depressão. Cometeu suicídio. O mal do século 21 não poupa ninguém. Imagine no futebol. Alguns dados são alarmantes e deveriam merecer reflexão.
Há 11 anos, uma pesquisa realizada pela Federação Internacional dos Jogadores Profissionais de Futebol – FIFPro – em 11 países chegou a um número alarmante: pouco mais de um terço dos entrevistados sofriam ou já haviam sofrido com sintomas de depressão. Imagino que hoje os índices são ainda mais deploráveis.
No ano passado, a competente jornalista Gabriela Moreira retratou que apenas cinco clubes brasileiros disponham de um profissional dedicado a cuidar da parte emocional dos jogadores: Atlético-PR, Flamengo, Santos, São Paulo, Sport e Vasco mantêm trabalho contínuo e diário com psicólogos.
Vamos abraçar a realidade campineira. Ponte Preta e Guarani são times médios. As torcidas têm fome e sede de crescimento. Não querem voltar a viver a rotina de rebaixamentos e humilhações. Imagine a pressão em cima dos jogadores. Dúvidas, ansiedade, tristezas, alegrias… Às vezes tudo junto. Às vezes uma sequência de duas ou três derrotas derrubam não só o torcedor, como também os atletas. São seres humanos. Feitos de carne e osso. Não são máquina.
Pressão que pode ser estendida aos treinadores, preparadores físicos, jornalistas esportivos…Opa! Como assim? Sim, os profissionais de imprensa também são submetidos às armadilhas da depressão e da síndrome do pânico. O medo de não ter o seu trabalho aceito, o medo do ostracismo e da solidão, o receio de ser vítima da competição desleal na própria profissão. Quem faz o show corre o risco de ser acometido de uma grande tristeza. Quem retrata o espetáculo não está imune.
Que o mundo do futebol em Campinas desperte para esse problema. Para que não apareçam outros Anthony Bordain’s no futebol campineiro.
(análise feita por Elias Aredes Junior)