Não sabemos qual será o destino de Ponte Preta e Guarani na Série B do Campeonato Brasileiro. Torneio traiçoeiro e cheio de armadilhas. O melhor dos mundos seria que os dois disputassem o acesso até a ultima rodada e construíssem um legado, a revelação de novos treinadores. Que o interior voltasse a protagonizar instantes de excelência.
Nas últimas semanas de Copa do Mundo, o ex-armador Paulo César Caju reclamou do domínio da escola gaúcha. Um fato, aliás, retratado em nossa série de artigos especiais durante a Copa do Mundo. Se tal desejo existe é porque Campinas deixou de ser um fábrica contumaz de revelação de treinadores. João Brigatti e Umberto Louzer tem a oportunidade de iniciarem uma nova fase.
Seria útil para em longo prazo dar contraponto ao domínio dos gaúchos. A ultima vez que o interior paulista forjou profissionais de ponta ao futebol brasileiro foi em 1990 quando o Bragantino de Wanderley Luxemburgo bateu na decisão do Paulistão o Novorizontino de Nelsinho Baptista.
Dois anos depois, o Mogi Mirim foi o palco para um tímido preparador físico alçar voos maiores. Seu nome: Oswaldo Alvarez. Para assumir a Seleção Brasileira em 1991, Carlos Alberto Parreira teve que demonstrar capacidade ao levar o Bragantino a decisão do Brasileirão contra o São Paulo de Telê Santana.
A fonte secou em parte porque a qualidade dos dirigentes caiu, os clubes do interior foram sucateados e o foco mudou. Se Tite hoje é celebrado em prosa e verso é porque em 2000 conquistou o Gauchão com o Caxias.
No ano seguinte, venceu a Copa do Brasil com o Gremio em pleno Morumbi. Apesar de participar do rebaixamento do Atlético Mineiro em 2005, o ex-volante bugrino fez história.
Mano Menezes deu cartão de visitas no XV de Novembro de Campo Bom (RS). Folclórico e fanfarrão, Renato Gaúcho largou as praias cariocas e comprovou eficiência no Grêmio como sucessor de Roger Machado. Teve boa campanha no Fluminense em 2008? Verdade. Mas a chancela de treinador Top só apareceu no tricolor gaúcho.
Roger, aliás, que só senta no banco de reservas por causa de seu início no Novo Hamburgo e posteriormente no Tricolor dos Pampas.
Não, não serei leviano em decretar um futuro dourado para Louzer e Brigatti. Podem no futuro serem profissionais medianos. É da vida. O que não dá é ignorar que existe uma possibilidade para que Campinas recoloque o interior paulista como revelação de técnicos. E que em médio e longo prazo viabilizem uma nova escola de formação. Algo esboçado entre 2011 e 2012.
Sem a Macaca, Gilson Kleina não deixaria de ser o técnico emergente do Duque de Caxias e Guto Ferreira, talvez, perambulasse até hoje em agremiações da Série C e D após a conquista do acesso com o Mogi Mirim.
Que as mentes sejam iluminadas e todos percebam a missão destinada para Ponte Preta e Guarani..
(análise feita por Elias Aredes Junior)