Com a vitória sobre o Santa Cruz por 3 a 0, a Ponte Preta chegou a 17 pontos em 12 rodadas no atual Campeonato Brasileiro. Idêntica performance registrada no ano passado, quando o time era comandado por Guto Ferreira, atualmente no Bahia. Os números enganam após pesquisa aprofundada. Existem diferenças e nuances pouco detectadas. São duas campanhas distintas e de características diferentes e que vale a pena abordar.
As vitórias: Na edição de 2015, a Macaca contabilizava quatro vitórias, sendo duas contra os gigantes São Paulo (1 a 0) e Vasco da Gama (3 a 0). Neste ano, Eduardo Baptista venceu o Palmeiras (2 a 1), mas construiu sua campanha ao vencer times de patamar financeiro muito próximo: América Mineiro (2 a 1), Chapecoense ( 2 a 1), Atlético Paranaense ( 3 a 2) e Santa Cruz ( 3 a 0).
As derrotas: em 2015, até a 12ª rodada, a Alvinegra tinha perdido para Fluminense, Corinthians e Palmeiras, todos pelo placar de 2 a 0. Sim, reclamações foram direcionadas, mas os tropeços foram assimilados com mais naturalidade do que as derrotas deste ano para Corinthians ( 3 a 0), Atlético Mineiro ( 3 a 0) e especialmente para o Cruzeiro ( 4 a 0). O revés em 2016 diante do Grêmio ( 1 a 0) foi encarado por torcida , jogadores e comissão técnica como um acidente de percurso, mesmo sentimento aferido contra o Flamengo ( 2 a 1 no Majestoso).
Empates: em 2015, Guto Ferreira comemorou quatro empates, sendo que três tiveram sabor de vitória. O primeiro na rodada inaugural, em 3 a 3 contra o Grêmio. Posteriormente, na Vila Belmiro, a Macaca segurou o Santos e arrancou uma igualdade por 2 a 2 e no Mineirão o Cruzeiro não saiu do 1 a 1. Neste ano, tanto no empate sem gols contra o Figueirense, como por 1 a 1 com o Vitória, apesar de terem sido jogados fora de casa, a Ponte Preta deixou a impressão de que poderia conseguir algo melhor.
O camisa 10: É verdade que logo depois a transferência ao mundo árabe foi sacramentada e a torcida ficou ressentida. Tal fato não pode esconder que Renato Cajá dava as cartas na campanha de 2015. Controlava o jogo, fazia lançamentos, gols, assistências e defendia como poucos o galhardão da camisa 10. Talvez este seja o principal problema da atual campanha. Eduardo Baptista viabilizou uma equipe competitiva, mas sem a presença de um armador, alguém capaz de controlar e ditar o ritmo do jogo. Ravanelli teve uma chance e a irregularidade lhe prejudicou; Thiago Galhardo, Felipe Menezes são especialistas na posição que ainda não se firmaram.
Administração do legado: Guto Ferreira conseguiu 17 pontos em 12 rodadas com um clima mais ameno. A participação no Campeonato Paulista foi boa e a eliminação para o Corinthians foi cheia de controvérsias. Jogadores importantes foram preservados e com atuações em bom nível, caso de Renato Cajá, Fernando Bob e Biro Biro.
Na atual edição, Eduardo Baptista é o terceiro técnico na temporada, após as passagens de Vinícius Eutrópio e Alexandre Gallo. No Paulistão, a equipe chegou a temer a zona do rebaixamento e sequer classificou-se para as quartas de final do Paulistão. Ato contínuo, contratações foram realizadas e o elenco sofreu profunda reformulação, algo que não ocorreu em 2015.
10º lugar em 2015 e 11º na atual edição. O que significa?: No ano passado, a distância para o quarto colocado (Corinthians) era de seis pontos. Nesta atual edição é de apenas três pontos para o Internacional, último classificado na zona da Copa Libertadores. Na campanha do ano passado, o Santos ocupava provisoriamente o primeiro lugar da zona do rebaixamento e tinha sete pontos a menos que a Macaca. Em 2016, o eleito inicial é o Sport e tem 12 pontos. Conclusão: o campeonato desse ano está mais equilibrado, disputado e não permite vacilos.
Que tal preceitos seja assimilado pela Ponte Preta. Para corrigir os erros, aprimorar as virtudes e construir uma campanha que supere as recordações de 2015.
(texto, análise e reportagem: Elias Aredes Junior)
Observação: dados obtidos a partir das classificações contidas no Site Sr Goool (www.srgoool.com.br)