Dificuldades fazem parte da vida. São trampolins de crescimento para enfrentar aquilo que existe de pior. Os destemidos, corajosos e humildes refletem em cima dos obstáculos inesperados e conseguem resultados melhores. Este deveria ser o sentimento de jogadores, dirigentes e torcedores do Guarani após os 180 minutos disputados contra Portuguesa e Botafogo de Ribeirão, em que o Alviverde colheu dois empates sem gols e mesmo assim manteve a liderança do Grupo B.
Ao contrário do que acontecia antes do mini Campeonato Paulista, o técnico Marcelo Chamusca passou a receber subsídios em relação aos principais problemas do time. Lógico que a defesa só traz orgulho. Leandro Amaro e Ferreira embalaram um entrosamento poucas vezes vista na história recente do clube.
Uma pena, mas a contusão de Dênis Neves impediu que as laterais repetissem o cenário positivo. Com o outrora lateral-esquerdo, o Guarani tinha uma válvula de escape e um exímio cobrado de faltas. Em contrapartida, Daniel Damião exibia uma regularidade que impedia o avanço dos atacantes adversários. Com a escalação de Gilton, o Guarani na prática perdeu o desafogo ao ataque, pois o novo ocupante do lado esquerdo tem uma pendência mais defensiva do que ofensiva. Resultado: a escalação de Lenon e a retomada dos ataques pelos lados comprovou a dependência do Guarani em contar com pelo menos um lateral veloz.
Se Auremir e Evandro resolveram o problema na cabeça de área, os últimos resultados colhidos pelo Guarani exibem uma deficiência crônica na armação. Esqueça Fumagalli. Apesar de ser importante para o setor ofensivo, o atleta não consegue mais cumprir as tarefas de compactação e de marcação exigidas na atualidade de um camisa 10. Não porque não queira e sim porque não consegue. Nesse caso, o jeito é contar com o trabalho dos armadores postados pelos lados do campo. Aí complicou.
Por que? Nem Edinho, Deivid ou Renato Henrique produzem um futebol eficiente na armação por 90 minutos. Ou porque estão marcados ou por falta de iniciativa. Resultado: o Guarani abusa das bolas longas e tenta apostar suas fichas na bola parada para o aproveitamento dos zagueiros. Convenhamos: é muito pouco.
Tal cenário afeta o próprio atacante Pipico, sem opções de tabela pelos lados ou nas imediações da área diante da pobreza criativa dos seus companheiros.
Certo está o técnico Marcelo Chamusca em utilizar a semana de treinamento para buscar soluções para esses e outros problemas antes do confronto da próxima segunda-feira contra o Mogi Mirim.
É salutar resolver pendência quando existe gordura para queimar. A prudência e o planejamento também são aliados dos times vencedores.
(análise feita por Elias Aredes Junior-Foto de Israel Oliveira)