Alguns clubes ganham apelidos e epítetos, que são expressões acrescentadas ao nome original. O Flamengo é o Mais Querido. O São Paulo está interligado à expressão Soberano.
Se trabalhássemos a alcunha para o futebol campineiro uma palavra seria utilizada: frustração.
Dérbi é legal, produz emoção e catalisa torcedores, mas não esconde o essencial, a falta de competência de Ponte Preta e Guarani para avançar no mundo da bola.
Se você estiver acostumado com a mediocridade, a raiva e ressentimento aparecerão ao ler este artigo.
Agora, pense que as duas equipes centenárias encontram-se em uma cidade de 1,2 milhão de habitantes, cuja população tem um salário médio de R$ 3,7 mil e uma região metropolitana de 3,3 milhões de pessoas. Não é capital? Corinthians domina as preferências?
Desculpe-se, mas dane-se.
Inadmissível verificar que os dois clubes não constroem uma média de público cinco mil pagantes por jogo (cinco mil!!!!) e estejam conformados em disputarem a Série B do Campeonato Brasileiro.
A Ponte Preta perder do Juventude e o Guarani ser suplantado pelo Paysandu produz um banzo temporário, mas nunca é trocado pela indignação.
Todos nós, imprensa, jogadores, treinadores, dirigentes e torcedores, sem querer abraçamos o espírito do “É isso aí mesmo”, “não vai mudar” e “bola para frente”. Satisfação é ganhar o dérbi ou ficar na frente do rival, nem que você seja o 15º e o “primo” o 16º. Convenhamos: é muito pobre.
Falta dinheiro? Falta. A estrutura é deficitária nas duas agremiações? Com certeza.
Só que isso não é impeditivo para o aparecimento de requisitos como planejamento, criatividade, alto astral, destemor, talento de gestão e eficiência nas contratações.
Há muito tempo que o Brinco de Ouro e o Majestoso não são blindados com profissionalismo do começo ao fim.
Apostamos no acaso. De vez em quando somos premiados.
É um Jorginho que leva a Ponte Preta até a final da Sul-Americana ou Adrianinho que não mete a bola na rede e não vence a Série B pela Macaca. É o Guarani que monta um time acidental em 2012 ou chega às finais de 2016 da Série C e do Paulistão de 2012. Pergunta: quais desses trabalhos teve continuidade?
Que dirigente fez um trabalho exitoso por quatro, cinco anos e pela sua cabeça, sem se submeter aos caprichos dos dirigentes de plantão? Pois é.
Daqui a pouco os times voltam a vencer. As alegrias sazonais reaparecem. E escondem a necessidade uma revolução em um lugar que foi considerada a capital brasileira do futebol.
(análise feita por Elias Aredes Junior)