A divulgação do teor da proposta de cogestão do futebol do Guarani por parte do empresário Roberto Graziano gerou uma comoção por parte da torcida. Uns concordam com a oferta e outros enxergam resistência. Um fato, entretanto, chamou minha atenção nas redes sociais: a resistência ao nome do empresário Nenê Zini, que coordena um pool formado por Traffic, Elenko Sports e Rima.
Torcedores não têm pudor em afirmar que o seu pai, Luiz Roberto Zini, foi o responsável por formatar o abismo em que se jogou o Alviverde nos últimos 19 anos. E no raciocínio de muitos uma nova empreitada da família Zini só irá trazer prejuízos.
Não tenho procuração para defender nem o pai e o filho, hoje empresário de futebol. Que aliás, tem resistência em relação a alguns artigos escritos neste Só Dérbi que considera “sensacionalistas”. É direito dele. No entanto, considero salutar raciocinar e pensar sob bases concretas.
No passado, é fato que Beto Zini não deixou herdeiros políticos e não formou lideranças para assumir o clube após sua retirada. José Luis Lourencetti foi o que estava disponibilizado. Tanto que sete anos depois o comerciante Leonel Martins de Oliveira, presidente nas décadas de 1970 e 1980, voltou ao poder. Sinal claro de ausência de renovação.
Se é verdade que Beto Zini não formou lideranças, também é claro e cristalino que seus resultados dentro do campo estiveram bem longe da decepção. Foi rebaixado em 1989? Sim, verdade. E voltou dois anos depois. Em boa parte da sua presidência, o time esteve na primeira divisão do futebol nacional e montou times competitivos e forjou nomes como Aílton, Amoroso, Djalminha, Luisão, entre outros. Isso é fato.
Quanto a Nenê Zini, também é preciso ser justo. Impossível esquecer a sua colaboração para a queda no Paulistão de 2013, quando auxiliou na montagem do time rebaixado com 10 pontos. Entretanto, seria ingratidão pura ignorar sua participação neste ano na conquista do título da Série A2 do Campeonato Paulista. Todo o empresário quer retorno de seus investimentos. É nítido e lícito. Mas o fato é que alguns jogadores emblemáticos da campanha tem a assistência do empresário, como Bruno Nazário. O que dizer então dos empréstimos feitos a diretoria para quitar compromissos urgentes? Pois é.
Nenê Zini erra? Óbvio que sim. Como qualquer outro empresário e ser humano. Agora, fica a pergunta: nestes anos de desencontros e incompetência administrativa, tirando o ano de 2016, quando Roberto Graziano investiu forte para o Guarani para sair da Série C, que outro empresário deu as caras e investiu na agremiação? Sem esconder o fato de que alguns jogadores já colocados por ele estiveram longe de arrancar suspiros.
Não adianta criticar Nenê Zini sem admitir o obvio: de clube formador de dirigentes de vanguarda, o Guarani virou um deserto de talentos diretivos quando o assunto é futebol.
Bem ou mal, queiramos ou não, nomes como Nenê Zini, mesmo que indiretamente vieram preencher essa lacuna.
Independente de vontades negativas ou avaliações pessoais, o foco principal do associado do Guarani deve ser a análise da melhor proposta para o departamento de futebol. Se for do Roberto Graziano, ótimo; ah, o escolhido será do pool comandado por Nenê Zini? Que assim seja.
O Guarani e sua comunidade precisam priorizar o seu futuro. O resto é conversa mole.
(análise feita por Elias Aredes Junior)